sexta-feira, 3 de maio de 2024

Renato Nascimento (Ecos Póstumos) - Entrevista

Renato Nascimento é um dos talentosos músicos da cena nacional que vem expressando sua dor através da música desde o início da década de 2010. Se utilizando de suas próprias experiências, também agrega vivências de outros pacientes psiquiátricos, resultando em canções que servem de escape para o sofrimento mental, mas, também, geram alento naquelas pessoas que as escutam. Tivemos o prazer de poder conversar um pouco com ele, e aqui disponibilizamos esta entrevista.

1. É comum que o interesse pela música surja a partir de nosso círculo social, na fase da infância/pré-adolescência, em meio a família e amigos. Como a música entrou em sua vida?

Renato: Saudações! Primeiramente sou muito grato por poder falar um pouco sobre mim, e acho que o trabalho que vocês desenvolvem é muito importante para perpetuar um estilo que é tão estigmatizado. A música começou muito cedo na minha vida, minha mãe era professora de violão, e cresci ouvindo discos de artistas como Rolling Stones, Pink Floyd e Raul Seixas. Logo quando completei dez anos de idade, meu pai presenteou a mim e meus irmãos com instrumentos musicais, eu acabei ficando com a bateria e me tornando baterista/vocalista, pois meus irmãos na pré-adolescência tinham dificuldade de cantar e tocar. Mais tarde estudei música e canto de maneira séria.

2. A música é, sem sombra de dúvidas, uma forma de terapia. É possível dar vazão aos sentimentos e emoções, questões cotidianas, vivências e experiências das mais diversas. No caso do DSBM, tudo é muito íntimo e pessoal, ainda, ressalto que é algo muito genuíno, e, por vezes, até difícil de expressar com palavras. Como é o seu processo de criação, composição e produção das músicas?

Renato: Esse estilo é maravilhoso, eu só acho uma droga que não podemos falar mais abertamente e usar palavras, digamos, "escancaradas" nas redes sociais da maneira que podíamos antes (ex: m*rt*, su*****o), pois na grande maioria das vezes, esses termos são usados por indivíduos atormentados para dar vazão a uma carga emotiva, e creio que essa censura não ajuda em nada quem quer se m*tar, até porque na realidade quem tenta tirar a própria vida está desesperado, e muitas vezes as redes sociais é onde a pessoa pode desabafar – seja com postagens mais diretas, poemas ou letras. Bem, deixado claro isso e respondendo à pergunta; eu componho em meus picos depressivos – a vida para mim é insuportável, sou dependente de narcóticos (benzodiazepínicos) e tenho que enfiar uma tremenda máscara na cara para enfrentar esse tortuoso dia a dia, me arrastando e resistindo a toda a dor da depressão e do vazio que me atordoa todo o tempo – então quando não consigo mais suportar, ao invés de fazer atos extremos contra mim mesmo, penso nos que amo, e é aí que surgem as canções do Ecos Póstumos. Elas saem de uma maneira quase inexplicável, eu simplesmente expulso elas de mim. Primeiro busco a melodia mais crua, faço os riffs, componho linhas de bateria (geralmente as programo apenas por comodidade mesmo, eu sei tocar bateria, como disse antes, e até gostaria de usar o som do instrumento de verdade nos sons), por último encaixo os poemas ou letras que estão "na fila de espera". Em 98% das vezes uso poemas, alguns mais de superação, outros bem obscuros e "malditos", as vezes são apenas letras comuns mesmo como o caso do trabalho mais recente, o single "Não, Ainda Não", que vai sair no Split com o Waldseel (Alemanha). 

3. Sobre a parte da composição. Há uma empatia bastante notável em suas letras, visto que há escritos sob o ponto de vista de pacientes psiquiátricos em algumas delas. Também, há letras mais recentes com um otimismo, não aquele superficial e clichê, mas algo que traga um alento ao ouvinte. Conte-nos um pouco sobre isso.

Renato: Sim, como estava dizendo na pergunta anterior, as vezes eu tento trazer esse lado mais empático, até porque eu fiquei internato em hospitais psiquiátricos algumas vezes, já fiquei agressivo, tive surtos, vi minha família sofrer, fiz meus familiares sofrerem, então eu tento mostrar que podemos, mesmo com o abismo nos jogando seu maldito olhar de volta, ter uma vida "normal", pois todo mundo que sofre de depressão, ou de certas intempéries psicológicas/psiquiátricas, quer viver, sorrir, ser feliz (falo de maneira empírica, das pessoas que conheci, e digo "certas", pois no caso de um caso grave de esquizofrenia, a pessoa simplesmente "não está nesse mundo", como é o caso da minha tia). Quando meu tio se m*t*u no quintal de minha casa, eu e meu pai o resgatamos da forca tentando salvar ele, foi por alguns minutos de descuido que ele fez isso, nós sabíamos que ele estava sentindo um vazio muito grande, estávamos cuidando e com medo que o pior acontecesse, e aconteceu. Eu também senti, e é inexplicável esse VAZIO, e imensurável! Parece que estamos parados numa fotografia antiga. Mas bem, há diversos tipos de motivos para uma pessoa findar sua existência, difícil falar assim, generalizando. Resumindo, eu não creio que ninguém queira viver chafurdando nas sombras, a menos que isso seja fruto de uma intempérie mental. 

4. Os Transtornos Mentais, a saúde mental em geral, tem tido mais visibilidade hoje em dia, isso devido aos altos índices de suicídios no mundo todo. Falar disso através da arte é um conforto para muitas pessoas, tanto para quem se expressa, quanto para aqueles que escutam. Você sente que ainda há muita ignorância, por parte da sociedade, em compreender essas questões? E, em particular, você já sofreu alguma repreensão por expressar esses temas em sua música? 

Renato: Meus familiares entendem que é algo artístico, mas são pessoas mais esclarecidas. Nós que somos de classe baixa, moramos em bairro pobre, vemos a nossa volta muita alienação e preconceito, como quando alguém fala que "isso não é coisa de Deus" ou alguma coisa nesse sentido, o que enxergo mais como ignorância do que preconceito. Não adianta esperarmos que uma sociedade como a nossa vá entender o viés artístico do DSBM, e como essa música nos traz acalento. O sistema nos quer aptos para trabalhar e servir ao seu propósito estúpido e trivial, então empanturra a sociedade com coisas estúpidas, qual as pessoas se esbaldam sem se perguntar o porquê, e está "tudo ótimo". E estão de parabéns pois fazem isso muito bem, expurgando nós, a “escória”, que muitas vezes por estarmos no limite de nosso psicológico não conseguimos cumprir com a cartilha pífia da existência no capitalismo, "acordar, trabalhar, dormir" e aos finais de semana e durante a noite assistir a alguma série idiota ou fazer um churrasco e tomar cerveja, confraternizando com pessoas sistematizadas e medíocres. 

5. O DSBM ainda pode ser considerado um subgênero bem recente. Pouco mais de 20 anos desde seu surgimento. Com um nicho bem específico de músicos e ouvintes. Como você percebe a recepção do público do Metal para com o Ecos Póstumos?

Renato: Realmente eu pude acompanhar o surgimento deste estilo, como você disse, é algo recente, e o Brasil possui artistas fenomenais desse estilo. A recepção é péssima, não considero um estilo que se enquadre no Metal, apesar de ter os dois pés chafurdados no Black Metal, não é um estilo aceito pelos headbangers. Eu toco em várias bandas, e já me apresentei com o Ecos Póstumos, atraindo um público específico, foi uma experiência muito forte, tanto para mim e os que tocaram junto, quanto pra galera que acompanhou os shows, mas isso aí rolou pois o "Escombros" - o único trabalho realmente oficial, digo, que não é uma demo ou EP, e o único que foi feito com "tudo que tem direito", em estúdio, com produção refinada, equipamentos profissionais e etc. - era "bonitinho", não era uma escara, uma cicatriz raivosa e maldita como o "Janela Para a Loucura", o que acabou atraindo mais público (o CD vendeu muito bem, o merchandising em geral). Mas foi de propósito que não apresentei nenhuma dessas composições, até porque esse disco não foi feito para ser tocado ao vivo, e nunca será, então meio que a galera achou que quando anunciei apresentações, eu iria tocar algo desse trabalho. Enfim, sei que o pessoal curtiu bastante de qualquer forma.

6. É comum que muitos músicos tenham um ponto de partida para começar a fazer música autoral, deixando de interpretar e tocar covers de artistas que apreciam. O seu lado compositor surgiu de forma solitária ou a partir da junção com outras pessoas em outras bandas autorais, e na troca de ideias com elas?

Renato: Eu sempre achei que ficar tocando covers é coisa de músico tapado, sem criatividade, ou de pessoas que fazem isso para se divertir e ganhar dinheiro, ou que são profissionais. Mas é complicado, pois na primeira banda "pra valer" que tivemos, que foi o Vlad Dracullare (que contava com o Daeroth do Warforged nas guitarras e voz), tocávamos covers apenas para complementar o repertório (ter tempo de repertório), tínhamos cinco músicas próprias (na linha do Emperor, mas com influências de Death – a banda, Enthroned, Behemoth e Dimmu Borgir, antigo), e tocávamos covers dessas bandas citadas em parênteses. Já tive banda tributo ao Iron Maiden, na qual toquei guitarra, posteriormente bateria e voltei para a guitarra, mas foi uma época a qual eu estava com muita depressão, então nem sei por que diabos fui tocar com banda cover/tributo ou que seja. Mas quando falo dos músicos "tapados" digo dessas bandas horríveis, de caras "das antigas" que ficam tocando esses clássicos pastiche do Rock, ou do Metal, e ainda acham que estão "detonando", quando na verdade só estão dando o que os porcos gostam, pois para mim, galera que frequenta shows de bandas que ficam tocando esses covers não tem intelecto o suficiente para absorver algo novo. Mas bem, existem exceções, como a banda Purgatory Inc. de Londrina/PR, que toca covers incríveis e que você normalmente não vê ninguém tocando (e mesmo eles já estão partindo para o autoral). Então resumindo, pessoalmente, criar sempre foi a primeira opção, ter uma banda, criar um nome, fazer músicas. Espero que quem toca covers não se irrite, é apenas uma opinião, não tenho a intenção de ofender ninguém especificamente. 

7. Sobre suas outras bandas. Fale-nos sobre elas e quais caminhos sonoros percorrem.

Renato: Meu trabalho profissional é voltado a banda Ansiah, de Crossover. Toco esse estilo pois encontrei uma baita liberdade para compor trabalhando nessa linha de som. Eu uso o Hardcore como base e posso adicionar elementos de Punk, Thrash, Death, Doom e até Black Metal no som, e ainda passar a ideologia de inconformismo social e ideias antifascistas. O Christophobia (que segue meio "capenga" até hoje) surgiu das cinzas do Nephilim Horde. Quando o Vlad Dracullare acabou, eu e meu irmão, o Diogo Nascimento (baixo, voz), pegou a guitarra e demos continuidade a nossa primeira banda, que foi junto com minha irmã, a Fernanda Nascimento (que tocava guitarra) – ela seguiu só curtindo o som, e eu e o Diogo, que passou para a guitarra, chamamos um amigo para o baixo. A banda ensaiava cinco vezes por semana, eu era o vocalista principal e baterista. Uma pena o disco (Failure o nome) ser tão tosco e mal produzido, a banda era excelente. Eu tive um projeto que lançou uma demo de três sons, que algumas pessoas ainda se lembram, o Forgotten Heaven (que era na linha já DSBM), mas o Nephilim era mais sério, para a sonoridade bebíamos de fontes como Darkthrone, Maniac Butcher, Mayhem e Burzum (a gente não sabia muito sobre o tal do Varg, e na época nem tínhamos acesso à internet, sabíamos que o cara tinha mat*do o colega de banda e queimava igrejas), e só queríamos tocar um Black Metal cru e bem tocado, sem logotipo, nem nada, só "descer o braço" mesmo. Mais tarde fui dar aulas de música, e trabalhar em um estúdio (que fazia gravações simples e também alugávamos para ensaios) fiquei internado, passei por intempéries mentais, e fui melhorando – foi em 2012 que resolvi começar com o Ecos Póstumos inclusive, no meio do caos dos meus transtornos. Depois montei o Escasso (já em 2020), após o disco "Árias Malditas" do Christophobia "flopar" (inclusive nesse disco há uma canção que seria usada para o Ecos Póstumos, "A Serpente e o Abismo"), e lancei um EP chamado "Ballads to the Fallen", influenciado por Motörhead, Tank, Celtic Frost, Venom e Darkthrone. Esse trabalho está ao dispor nas plataformas de streaming, e, o segundo EP, um pouco mais técnico, logo vai ser lançado pela gravadora Rotthenness de Bauru/SP. Há influências aqui e acolá de Slayer e King Diamond também. Enfim, devo ter mais uns duzentos projetos, mas nada que interesse ao público que ouve Black Metal e suas vertentes. 

8. A cena nacional vem ganhando um número significante de bandas e projetos, no intuito das pessoas poderem expressar suas mais dolorosas emoções. Você tem alguma dica, alguma mensagem, para deixar a essas pessoas que estão iniciando na cena?

Renato: Vejo muitas bandas maravilhosas, o que eu gostaria de dizer é: se expressem, façam terapia, fiquem vivos! A morte nos é certa, que vocês encontrem alguma luz e sejam felizes. Resistam! A arte, a música, o DSBM pode ajudar certas feridas a cicatrizarem.

9. Nesse tipo de música não é comum apresentações ao vivo, mas o Ecos Póstumos já o fez. Como foi a experiência, e há possibilidade de ocorrer novamente para além da região em que você reside?

Renato: Bem, como eu disse um pouco acima, eu não tenho interesse em tocar aqui; eu sou "cancelado". Eu tive surtos, e vários IDIOTAS que diziam ler minhas letras falando sobre surtos psicóticos violentos, deviam pensar que era brincadeirinha. Claro que o tempo mostrou que não sou violento, nem agressor de mulheres, nem que sou violento com familiares, mas para essas "panelinhas" que giram por aqui na região de "Black Metal", eu quero é distância, rsrs. Se apresentar foi muito bom sim, mas acho que não tenho muita paciência. Eu sou uma pessoa que tem um pensamento político voltado para a esquerda, me considero antifascista, apoio movimentos feministas, a luta de classes, mas vejo que muitas das pessoas que "pensam como eu" aqui estão mais preocupados em arranjar confusão, e ficar de picuinhas no cenário do que terem coragem para resolver qualquer conflito pessoalmente. Resumindo: há muita gente boa, mas o número de bobões acomunados em panelinhas se sobressai DE LONGE, então eu quero ficar bem longe dos "blackbangers" aqui da região. Legal o trabalho deles, mas que fiquem BEM longe de mim, e que vivamos em paz.  

10. Você tem lançado singles recentemente. O mais recente, intitulado 'Não, Ainda Não', faz parte de um SPLIT com a banda alemã Waldseel. O que você pode nos falar sobre este lançamento e sobre os planos futuros para sua banda?

Renato: Faz tempo que quero lançar algo com o Dyret Waldseel, criador do Waldseel, somos bem amigos, nos conhecemos quando ele lançou a primeira demo do Nephilim, "Black Metal Blood" (2010) na Europa. Essa música, juntamente com as outras três que entrarão no Split eram pra ter saído na demo "S", mas foi na época que me "cancelaram", pois tive um surto e falaram que eu b*tia em mulher, a minha namorada na época tentou me segurar, e uma garota bêbada lá no fundo gritou que eu estava "agredindo ela", obviamente que isso não ocorreu, mas ninguém quis saber. Essa moça me ajudou muito nos transtornos mentais que tive, devo muito a ela! Ela também enfrentou transtornos, e inclusive tentou me m*tar algumas vezes; nos separamos, mas infelizmente ela ainda não procurou terapia, e ficou insustentável a violência dela, pois eu apanhei muito dela. E olha a ironia aí, o "agressor" sou eu. Uma pessoa com transtornos mentais fica violenta, eu vi muito isso nos hospitais psiquiátricos que fiquei, será que essa galera aqui da região tem estrume na cabeça? Claro que não vou expor mais detalhes, mas eu aguentei a violência pois não é algo dela, ela perde o controle, é uma pessoa sofrida. Sobre o futuro para a banda, o projeto é lançar um disco "bonitinho" como o Escombros e seguir a diante fazendo música "quando der na telha", hehe.

11. Considerações finais.

Renato: Tenho que agradecer demais a todos da página DSBM Images e das demais páginas moderadas por vocês, e só digo uma coisa: FIQUEM VIVOS, a morte é certa e chega logo, então tentem viver bons momentos. Muito obrigado a quem chegou até aqui. Talvez meu trabalho não seja tão interessante, mas sou muito grato a todos que curtem o Ecos Póstumos. Um abração! E eu queria agradecer demais ao meu amigo Yuri Padial, que vai cuidar da parte da arte da banda e sempre me apoiou incondicionalmente. Procurem o trabalho da Infernal Arts, o Yuri faz capaz perfeitas para o estilo, logos, e tudo a um preço incrível! Ele é um cara ímpar!

(Entrevista realizada pela página DSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil.)

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Você pode encontrar todos os lançamentos e mais informações de Ecos Póstumos nos seguintes links:

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Estamos de volta!

Após um longo hiato causado pela pandemia e pelas mudanças em nossas vidas pós-pandemia, o blog Discografias do Metal Negro está oficialmente de volta à ativa. Agora, com um novo formato mais focado em texto, porém, continuaremos a disponibilizar discografias, pois esse sempre foi o foco do site, porém com uma frequência bem menor. Para o ano de 2024, pretendo atualizar as discografias e biografias já postadas aqui e publicar algumas entrevistas. A partir do ano que vem, traremos conteúdo inédito para o blog. Espero que compreendam que minha vida mudou completamente nos últimos anos, e cuido do site praticamente sozinho, contando com a ajuda pontual de alguns amigos. Por esse motivo, teremos uma frequência bem reduzida de posts.


Para aqueles que apreciam DSBM, especialmente a cena nacional, deixo aqui os links para o coletivo DSBM Brazil, que é encabeçado por mim e pelo Lúgubre (Depressedy, Autodestrutivo, DSBMemes). Nos vemos por aí e muito obrigado aos amigos que ainda acompanham nosso trabalho.

DSBM Brazil

domingo, 29 de novembro de 2020

Kanashimi - Discografia

Kanashimi é uma banda fundada em Shizouka, Japão em 2007. A banda é um projeto solo de O. Misanthropy que criou Kanashimi após o fim da banda 彷徨 (Samayoi). Ambas as bandas foram as percussoras do DSBM no Japão. Kanashimi é uma palavra japonesa que significa tristeza. Suas canções abordam o suicídio, depressão, tristeza, desesperança, dor e sofrimento, decepções com a vida e o fim trágico no rompimento de relacionamentos. A sonoridade mescla Black Metal com elementos fúnebres do Doom Metal.

Em 2007 é gravada a demo Life. As duas faixas são carregadas de melancolia devido as diferentes melodias de teclado usadas. Cutting My Heart e a canção que dá título a demo, são preenchidas com teclados e guitarras que criam uma atmosfera densa, como se estivessem arrastando as lágrimas de Misanthropy lentamente. A primeira fala sobre as decepções da vida e o quanto elas laceram a mente e, por consequência, geram uma dor quase insuportável de se carregar. Life fala sobre a existência vazia, onde tudo perde o brilho, nada faz qualquer sentido e a pessoa atravessa seus dias como um morto-vivo.

Em junho de 2009 é lançado o primeiro álbum, Romantik Suicide, pelo selo musical Nekrokult Nihilism. Contendo 6 músicas, o álbum traz uma maior concentração nos teclados do que nas guitarras distorcidas e baterias agressivas. Misanthropy cria uma atmosfera muito fria e depressiva, seus vocais soam extremamente dolorosos e repleto de lamúrias, a agonia e tristeza são muito palpáveis ao ouvinte. Ele usa todo seus sentimentos para gritar verdadeiramente e tragicamente. Apesar das guitarras e vocais terem um som distorcido, a música é clara o suficiente para que a bateria e linhas de baixo, bem como o piano ao fundo, possam ser ouvidos. As guitarras soam com riffs característicos do Doom, mas o instrumento que mais reflete a melancolia, sem dúvidas, é o teclado. A angústia e a dor são empilhadas densamente nas canções, as melodias do piano penetram marcando o clímax. As paisagens sonoras realmente captam a imaginação do ouvinte, enquanto perambulam pela estrada das almas perdidas que se suicidaram com a quebra de uma relação desesperada. Este disco, tido para ser um conto romântico, é definitivamente isso. O material baseado em piano é uma excursão maravilhosa para o ouvinte mergulhar na mente de alguém que, como Romeu & Julieta, está profundamente apaixonado e preparado para abandonar tudo em benefício de seu relacionamento, seu parceiro e, finalmente, eles mesmos. Ao contrário de muitas bandas que tentam tratar das decepções amorosas de maneira clichê, aqui, Misanthropy traz à tona toda a dor e melancolia por detrás do suicídio, das perdas e rompimentos trágicos que podem ocorrer na vida de qualquer pessoa.

Em 2010 é lançado o EP In My Tears, pela East Chaos Records. Este EP traz a regravação de Life, da demo de mesmo nome. Há apenas uma mudança na qualidade mas não alterando nada da música em si. A primeira faixa é a que dá título ao EP e, de fato, tem por objetivo expressar o pranto de Misanthropy. A angústia e a dor se acumulam densamente na canção, a melodia do piano é inserida através dos sons da música como se soasse desesperançado, gerando mais sentimentos de tristeza e dor à ela. O vocais de Misanthropy parecem uivantes como se, o vento através de riffs ásperos e lentos envolvidos em uma melancolia sombria, o tomassem. O clima é sombrio e cheio de dor sem qualquer chance de alívio. Algos é uma bela canção instrumental. Um triste piano soando lindamente melancólico envolve esta canção do início ao fim.

Em 2012 é lançado o split 光と闇 (Hikari to Yami) com a banda Infernal Necromancy, pela Zero Dimensional Records. Contendo 4 músicas, das quais uma intro e uma instrumental, Misanthropy segue com as características já marcantes de seus vocais carregados de dor e sofrimento e instrumental com teclados e guitarras criando um paredão lento que se encaixam perfeitamente às letras de lamúrias e desperança com o amanhã.

Em 2014 é lançado outro split, The Great Depression II com a banda Happy Days. 葬歌: The Funeral Song é a primeira faixa e, como sugere o nome, é realmente uma canção digna de funeral. Sorrow Memories se inicia com um único acorde de piano que abre para os outros instrumentos e vocais entrarem. A letra fala de memórias dolorosas que nós todos carregamos e que parecem navalhas afiadas lacerando nossa mente. Woe é uma canção curta com um piano mais ritmado, expressando certa pressa. Em seguida começa a Fragile Hope. Esta se incia com uma guitarra dissonante em contraste com alguns acordes de piano que logo se mesclam ao baixo e bateria, juntamente, com os vocais angustiantes de Misanthropy.

Em 2017 é lançado o álbum Inori pela Pest Productions. Contendo 6 faixas que trazem as características já marcantes dos trabalhos anteriores de Kanashimi. A música In My Tears, do EP de mesmo nome, foi regravada para este álbum. Scar of Heart fala sobre coração partido e sentimentos de angústia gerados por falsas promessas de pessoas as quais depositamos confiança. Os vocais uivantes marcantes de Misanthropy podem ser ouvidos pela música toda. Tomurai reproduz um conjunto de melancolia com melodias e riffs repetitivos mas sem tirar a beleza da canção. As guitarras tocam em sintonia com o piano. Lost My Soul tem um coro feito pelo teclado que deixa a sonoridade inicial mais rica em melancolia. A letra fala do sentimento de perda, de perder-se de si mesmo e do que se amava. Nostalgia traz uma bela e triste melodia de piano com teclados ao fundo criando, de fato, certa nostalgia. O álbum se encerra com a melancólica INOR.

O. Misanthropy foi vocalista e guitarrista da banda 彷徨 (Samayoi) desde sua formação até o encerramento da banda. Atualmente ele toca teclado na banda de black metal Ahpdegma.


Biografia Criada Pela Pagina DSBM Images / Blog Depressedy DSBM.

Life (Demo 2007)
1. Cutting My Heart
2. Life

Duração: 13:11

Romantik Suicide (2009)
1. Romantik Suicide
2. Kanashimi no Rensa
3. Eien ni...
4. For a Suicide
5. Zetsubou no Namida
6. Romantik Suicide: Part II

Duração: 29:32

In My Tears (EP 2010)
1. In My Tears
2. Algos
3. Life (In My Tears Version)

Duração: 20:16

Happy Days & Kanashimi - The Great Depression II (Split 2014)
Kanashimi:
1. 葬歌: The Funeral Song
2. Sorrow Memories
3. Woe
4. Fragile Hope

Happy Days:
5. Guilty
6. Mental Collapse (In Stellar Sphere Misery)
7. Hallowed By Lunacy
8. Swan Song Decadence
9. Life Goes On...

Duração: 45:55

Inori (2017)
 1. Scar of Heart
2. Tomurai
3. Lost Soul
4. In My Tears
5. Nostalgia
6. Inori

Duração: 37:25

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Unguilty - Entrevista

Recentemente a DSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil teve o prazer de entrevistar o fundador e único membro da incrível banda Unguilty
É impossível pensar em cenário underground nacional sem esbarrar por essa incrível banda.


Poderia falar um pouco de como surgiu o Unguilty e qual o propósito por trás da banda.

F.R - Criei o Unguilty no último mês de 2018, aos 18 anos de idade. A motivação foi bastante simples: eu compunha muitas músicas e queria poder fazer algo com elas além de apenas deixa-las arquivadas. Então, “por que não criar uma banda para poder lançar essas músicas?”, pensei. E assim surgiu meu primeiro projeto musical que de fato, produziu e lançou algum material.

Como foi o processo de composição do último álbum, "Beyond The Black Horizon" lançado em Janeiro. Vimos que inclusive você mesmo desenvolveu a arte do disco.

F.R - “Beyond The Black Horizon” foi meu primeiro trabalho lançado através de uma gravadora, e isso me fez olhar para cada música com mais atenção. Na época, minha rotina estava bastante desgastante e podia compor apenas em alguns momentos, quando havia tempo livre. Por isso, a composição levou tempo. Enquanto o álbum anterior, “Legacy Of Misery”, foi escrito inteiro em cerca de um mês, este último levou pelo menos dois meses. Mas também, resultou no meu trabalho mais refinado até o momento, fruto de muito estudo sobre a teoria e produção musical. Parte deste esforço resultou também na arte da capa, que pintei utilizando tinta nankin. Mostra uma representação abstrata de um pássaro solitário voando acima de um desolado horizonte, referência à letras do próprio álbum.


Você costuma compor em inglês, existe algum motivo específico para isso ou é a forma de se expressar em que você se sente mais a vontade?

F.R - Embora a Unguilty seja ainda pouco conhecida, é uma parte muito importante de minha vida. E tenho pretensão de que venha a se tornar uma banda maior. Por isso, escrevo em inglês como uma forma de facilitar o alcance de públicos não apenas nacionais, mas também estrangeiros.

Qual o motivo do projeto levar o nome "Unguilty"

F.R - Acho interessante a ideia de alguém ser eximido da culpa de algo. Traz certa angústia pensar que, da mesma forma que alguém pode ser inocentado, também pode ser condenado. É uma dualidade drástica, porém muito simples. Além também de achar a sonoridade da palavra muito bonita.


Não é muito comum bandas de DSBM se apresentarem ao vivo, você tem interesse de um dia levar a Unguilty aos palcos?

F.R - Nunca me apresentei ao vivo para grandes públicos, mas é algo que sempre tive vontade. Porém, ainda não sei dizer se a música no Unguilty seria algo que eu gostaria de apresentar desta forma. Minhas composições são muito íntimas, além de por vezes, possuírem certas atmosferas que poderiam não ser ideiais para uma apresentação ao vivo. Por isso, sinto certo estranhamento quando penso sobre isso, mas acredito ser apenas um nervosismo natural. Contudo, não descarto a possibilidade.

Quais bandas e álbuns você tem escutado ultimamente? Elas servem de influência direta no som da banda?

F.R - Costumo variar bastante o que ouço, mas ultimamente, tenho ouvido muito Empyrium, Agalloch, Paradise Lost, Saturnus, Forgotten Tomb... geralmente algo envolvendo o black e o doom. As influências do que ouço estão sempre presentes em minhas composições. Em minha primeira Demo, por exemplo, é clara a influência de Nocturnal Depression, que ouvia muito na época.


A quarentena vem despertado a criatividade de diversos artistas que estão aproveitando a mesma para compor e lançar novos materiais, isso também se aplica a você?

F.R - Certamente. Com mais tempo livre, posso me dedicar muito mais à música - tanto a composição quanto a produção – e aos meus planos de eventualmente criar um selo musical. Porém, infelizmente ainda não lancei músicas novas neste período pois o selo do qual faço parte é da Itália, país que tem passado por um período turbulento devido à presente pandemia, o que afetou seu trabalho. Mas já entrei em contato com seu representante e em breve, deve haver um novo EP do Unguilty, que já está pronto para ser lançado.

A Unguilty faz parte do selo italiano "Visionaire Records" na sua opinião, o quanto influencia um projeto de dsbm fazer parte ou não de um selo/gravadora.

F.R - A distribuição de músicas e o alcance que elas terão podem ser muito maiores através de um selo, se comparado com o que seria se for como artista independente. Porém, estando em um selo, naturalmente você estará abdicando de parte do lucro financeiro que vem de sua música e também, não terá todo o controle dela (como a fiscalização das estatísticas de distribuição). Então, acredito que estar em um selo pode ser um grande passo para um artista, mas saber administrar o próprio projeto de maneira independente também pode trazer ótimos resultados (principalmente no início).


Fale um pouco sobre sua trajetória como músico. Você participou de projetos anteriores?

F.R - Comecei a estudar música aos 14 anos de idade, quando ganhei meu primeiro instrumento – um baixo. Durante minha adolescência, participei de algumas bandas de alguns amigos, mas nunca algo sério. Era apenas por diversão. Então, aos 17 anos, criei minha primeira banda (chamada Naeramarth, teve o nome trocado para Úmarth) com um amigo e chegamos a gravar um EP, mas este nunca foi lançado. A banda acabou sendo esquecida, e não participei de nenhum outro projeto depois, até criar a Unguilty.

O que você acha da cena de Depressive Black Metal nacional, você acompanha o trabalho de alguma banda/ projeto em especial?

F.R - A cena no Brasil é enorme, mas ainda pouco desenvolvida. A todo o momento surgem novos projetos, muitos de grande qualidade. Mas ainda sinto a falta de algo que impulsione essas produções para que possam de fato, mostrar seu potencial e quem sabe, tornar-se um projeto grande e reconhecido. Desde que criei o Unguilty e comecei a acompanhar mais ativamente a cena, percebi que muitos artistas se esforçam muito em sua busca pelo reconhecimento, assim como eu. Isso me faz crer que é uma questão de tempo para a cena brasileira se tornar uma de destaque internacional. Acompanho diversos lançamentos em grupos de redes sociais e o alcance que estes meios digitais proporcionam, quando bem utilizados, é enorme. Por isso, não costumo acompanhar projetos específicos, mas ouvir um pouco de tudo que encontro.

Conclusões Finais

F.R - Gostaria de agradecer à DSBM Brazil por me dar esta chance de falar sobre minha banda, que é tão importante para mim, e por todo o trabalho que a página vem fazendo pela cena do DSBM nacional. É admirável, e espero poder participar ainda de mais artigos e projetos futuros. Agradeço também à todos que vem me apoiando e dando suporte à minha música. Em breve, haverá material novo pela Unguilty!

Vocês podem encontrar todos os lançamentos da Unguilty nesses links:
Youtube 
Bandcamp
Facebook
Spotify

(Esta entrevista também se encotra disponível na página DSBM- Depressive Suicidal Black Metal Brazil)

terça-feira, 2 de junho de 2020

Nattag - Entrevista

A DSBM Brazil teve o prazer de conversar com o líder de uma das melhores banda de Depressive Black Metal da cena atual. Yakoushi é o fundador e foi por muito tempo o único membro da incrível Nattag.


Como surgiu a Nattag, é a sua primeira experiência em uma banda?

Yakoushi: A Nattag teve duas ocasiões de surgimento, por assim dizer. A primeira delas foi em 2018, em sessões de noise que eu fazia com um mini-teclado antigo e muito ruim da Casio que meu pai tem. Influenciado pelo primeiro álbum do Aphex Twin, tentei fazer uma faixa ambiente de 4 minutos, e essa foi a primeira encarnação da Nattag (que, no início, destinava-se a ser um projeto de dark ambient); depois disso, deixei o projeto engavetado durante um bom tempo, até que - se não me falha a memória - em maio ou junho de 2019 eu decidi ir no banheiro do apartamento em que morava na época e começar a berrar um poema meu e, em cima daquela gravação, fiz todos os outros instrumentos (com a bateria sendo um ritmo genérico do justo teclado).
E pior que não, o Nattag não foi meu primeiro projeto. Em meados de 2017 eu tinha um projeto propositalmente ruim de noisecore entitulado ''Trashland''. Lancei um bocado de coisas com ele, mas perdi a inspiração e aquele choque inicial das primeiras gravações - que apresentavam um humor baseado no absurdo - se esvaeceu, então dei um fim a ele.

Atualmente você é o único membro da Nattag, essa formação é proposital ou futuramente você pretende recrutar novo novos músicos?

Yakoushi: Em fato, no final de maio eu consegui um baixista para acompanhar-me nas minhas criações. Mas, sim, eu mantinha essa isolação por vontade própria pois trabalhar com os outros é, muitas vezes, ânus. Você vê, eu não gosto de criar apenas por criar - precisa ter um sentimento, precisa ser sincero. Tive algumas experiências com outras bandas em 2019, e não foram boas; eu não tinha envolvimento emocional com a música, tampouco com a(s) pessoa(s) por trás daquilo. Não funcionou a mim, apenas. Trabalhar com os outros apresenta muito contato, discussões, divergências, exigências, prazos e expectativas...


Ao ouvir qualquer álbum da Nattag podemos perceber diversas referências. Você pode falar um pouco sobre isso?

Yakoushi: Ah, é uma boa pergunta, haha. Eu não possuo influências fixas ou onipresentes, tudo depende do meu estado de mente naquele instante, no meu sentimento, na atmosfera que quero passar e no que estive me baseando e apreciando em dado tempo. Por exemplo, para a track ''Alma Consumida'' eu me baseei muito no Xasthur, pois havia experienciado algo que é descrito de forma coerente pelas obras do Scott Connor, então quis expressar isso com uma sonoridade e atmosfera semelhante. Agora, com a faixa ''Despedida'', me inspirei na banda The Angelic Process; quis passar uma atmosfera densa, barulhenta e maciça, pois é como me sentia naquele momento e a sonoridade dessa banda ressoava com a situação. É sempre assim. Posso citar, porém, grupos e artistas que têm uma influência mais constante sobre o que faço: The Cure, Lifelover, Katatonia, My Bloody Valentine, Funeral, Ras Algethi, et cetera. Possuo outras inspirações, mas direciono elas a um outro projeto.

Qual é a origem do nome da banda, você se inspirou em algo específico para criar esse nome?

Yakoushi: Ah, ''Nattag'' é uma palavra sueca que - até onde minha estupidez se estende - significa ''trem noturno''. O motivo para o sueco é que é uma língua que eu gosto, além de soar bem. O significado não é profundo ou coisa do tipo, apenas faz alusão àqueles momentos em que você está em movimento à noite, e qualquer imagem e/ou luz que chega à sua visão se embaça e treme, formando uma paisagem irregular e etérea. É uma sensação meio hipnótica, como se você estivesse em transe. A parte do ''trem'' é meramente porque se você está sozinho e dentro de um trem em movimento à noite, essa sensação vem a você com maior facilidade (eu suponho).


O álbum Confinement foi o último lançamento da Nattag, você está trabalhando em algo novo?

Yakoushi: Quem dera fosse um álbum - ''Confinement'' é apenas uma faixa mal-gravada... E eu pretendo lançar um novo EP, mas não posso estipular datas pois minha instabilidade faz eu não ter regularidade nenhuma no momento de produzir algo só meu. Tenho alguns rascunhos das guitarras prontos e as letras estão definidas já, mas não sei ao certo como soará. Quero trabalhar logo nisso - ainda mais agora que a Nattag possui baixista - mas estou preso sem um microfone funcional até o agora. Estou no processo de arrumar um outro microfone, e assim finalmente produzir algo para essa porcaria (depois de meses de atividade mínima).

Além da Nattag você participa de algum outro projeto atualmente?

Yakoushi: Tenho o Véspera do Anoitecer, que é meu projeto para ''restos''. Costuma variar entre shoegaze, post-punk e música eletrônica (não sei definir qual subgênero dela), e os primeiros lançamentos dele são uns dos meus piores, hahaha. Nesses tempos recentes, estive brincando com os VSTs do Mixcraft para produzir algo eletrônico reminiscente de bandas como The Cure, Ova Looven, Twice A Man e o primeiro álbum do John Foxx, apesar de que só lancei uma faixa muito bagunçada até o momento. Tenho uma track inacabada, mas não acho a motivação para terminá-la sem poder gravar guitarras e vocais com um microfone decente.
Além do Véspera, faço vocais e letras na Fentanil e tenho o mesmo cargo em um projeto chamado ''Suicide is Solution'', de um amigo meu. O último é algo bem ocasional, porém.


Como funciona o processo de gravação?

Yakoushi: Varia dependendo do meu equipamento. Nos primeiros álbuns, eu fazia tudo com o microfone do celular e usava o Audacity para mixar. Depois de certo ponto, comprei um microfone bostinha, e com ele gravei tudo desde o ''Afogado em Monotonia'', mas a última track que lancei, ''Confinement'', foi feita novamente com o áudio do meu celular, pois o microfone que tenho aqui não é mais reconhecido por ele, e quando comprei um adaptador de áudio para fazer o computador reconhecê-lo, o maldito para de funcionar por mau contato (talvez eu devesse me enforcar com o cabo dele). Infelizmente, até o ''Blood II'' eu usava a bateria horrível do Hydrogen, então você ainda acha umas faixas com ritmos duros e mecânicos nesse álbum. Por sorte eu criei um pouco mais de juízo e comecei a usar o Mixcraft e o EZDrummer a dado ponto. Como eu sou um analfabeto musical, praticamente todas as músicas do Nattag até hoje estão com os instrumentos fora de tempo.

Fazendo uma busca rápida pela internet, encontramos alguns álbuns que não estão listados no Bandcamp. Eles foram excluídos da discografia oficial?

Yakoushi: Bem, na época eu criei o Bandcamp justamente para lançar as músicas do ''novo período'' da Nattag, que seria tudo depois do ''Blood II'', então não vi muito motivo para ficar enchendo a página de lançamentos horríveis e ainda mais incompetentes que o normal. Eu os considero parte da história do projeto, sim, mas muito pouco do que fiz no passado representa o que a Nattag de fato é. Digo, até as letras dos álbuns passados são um lixo, pois eu estava tentando ser ''cru'' e ''direto'' enquanto o que realmente me serve é uma forma de escrita muito mais próxima do que o Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Alphonsus de Guimaraens e Edgar Allan Poe faziam (não que eu consiga chegar perto da qualidade deles, claro). Me arrependo profundamente de ter deixado algo como ''Aborte-me'' existir, mas por sorte hoje em dia eu não sou tão estúpido quanto eu era no início do projeto em relação a isso, então opto por escrever coisas como a ''Incômodo'', a ''Ghost II''. Em fato, fui checar agora e notei que uns 90% do catálogo da Nattag é composto por letras horrorosas pois eu tinha medo de usar meu material bom em algo com uma qualidade sonora baixa. Esse tipo de coisa me deixa com desprezo do projeto (e um pouco de dó e alívio, pois realmente, por sorte eu não usei meu material ''menos pior'' nesse monte de lixo).

Você pretende lançar o material da Nattag de forma fisica? Se sim, tem alguma label em mente?

Yakoushi: Essa pergunta me fez rir, pois é algo completamente impensável a mim. Primeiro que não considero o que faço bom o bastante para ser transformado em um item físico, além de que eu duvido muito que alguma label quisesse lançar minhas coisas, e isso envolveria prazos e exigências, coisa que me soa como um desprazer. Tem também o fato de que praticamente ninguém acompanha meu trabalho de verdade, e o público que é atingido é muito pequeno. Eu acho que seria interessante colocar algum álbum meu em um CD e dar para alguém, mas fica por isso mesmo.

O que você acha da cena de Depressive Black Metal nacional? Você acompanha algum projeto que acha promissor?

Yakoushi: Aqui, suponho que valha dizer que me coloco em totalidade como ouvinte dizendo o que sinto, separando-me de mim como criador (porque sempre tem o idiota que acha que emitir a própria opinião significa que eu considero o que penso um fato). Eu acho que tem bastante coisa interessante, tipo o Abismika, Ensimesmamento, Noctívago, Unguilty, Frio Insólito, Entardecer, Deadleaf e outros, mas também tem muita coisa feita sem paixão e de forma imatura e infantil demais - chega a ser cômico. Penso que letras como ''minha morte é um desejo / só quero morrer / me deixe ir embora daqui / porque estou sofrendo muito'' são vazias e redundantes demais para meu gosto. É o motivo pelo qual eu não gosto de muita coisa dentro do DSBM: a quantidade de coisa genérica e previsível é muito grande. Se um artista baseia toda a discografia dele na estrutura ''guitarra limpa dedilhada > fill curto de bateria > guitarra distorcida com timbre e vocal genérico (talvez com a guitarra limpa ainda de fundo) > fim da música (talvez voltando à guitarra limpa)'', eu não vejo ponto em ouvir as músicas, sendo que ele apresenta tudo o que tem em apenas uma. Não vejo problemas nessa estrutura, ou em algo ser genérico, ou repetitivo, ou previsível, mas tem que ter algo a mais; se for APENAS isso, a música acaba soando vazia demais.
Além disso, eu nem me considero como membro da cena black metal ou coisa do tipo, pois acho que fazer parte de um grupo assim propositalmente é meio sem sentido, além de que não escuto tanto DSBM pois boa parte dele simplesmente não me interessa ou ressoa com o que sinto, apesar do meu envolvimento com a cena. O rótulo de ''DSBM'' no Nattag serve puramente ao propósito de que eu não conheço nenhuma outra forma de categorizar o que faço.

Conclusões finais

Yakoushi: Agradeço MUITO à DSBM Brazil por ter divulgado várias vezes meu trabalho defeituoso, hahaha. Espero não ter soado presunçoso ou sério demais nas minhas respostas, porque isso seria o total oposto de quem eu verdadeiramente sou: uma garotinha frágil de 10 anos. Para fechar essa entrevista desnecessariamente longa por minha parte, aviso que ainda esse ano sai um EP novo da Nattag (juro, para a infelicidade de quem conhece o projeto), e peço para os leitores checarem a Fentanil - banda de um amigo meu na qual faço vocais e letras -, em especial o álbum Desmaterialização, que é (pelo menos para mim) nosso melhor lançamento até agora, além de que isso dará uma percepção melhor do meu processo de escrita e dos meus poeminhas amadores. E a você, curtidor e leitor da página, mando um abraço e beijinhos (onde você quiser)!


Links Relacionados ao Projeto Nattag

(Esta entrevista também se encotra disponível na página DSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil)

sábado, 16 de maio de 2020

Érdos e Astratta (Póstumo Sölstício Records) - Entrevista

O Brasil tem uma quantidade inumerável de artistas independentes que, apesar do alcance extraordinário que a internet oferece, ainda se mantém desconhecidos até no meio Underground. No entanto, essas duas pessoas mencionadas aqui, de enorme talento e simpatia, vêm pouco a pouco percorrendo o caminho do meio musical e trazendo sua arte sonora para todos que apreciam a música em sua forma mais honesta. Tivemos o prazer de conversar com o músico Érdos e a musicista Astratta, ambos a frente de vários projetos e bandas, tanto solos quanto juntos, entre eles estão AutoquíriaDen Svarta HäxanSynthsatanEncephalo SwarmEntardecerXaktenarhMDZhBV/H/SMontosse ... e, com tanta expressão de criatividade assim, fez com que criassem o próprio selo musical o Póstumo Sölstício Records. Evidentemente, a música não é um mero hobby para ambos, ela é algo que se tornou inerente à rotina dessa dupla.


Quais são suas influências musicais? Vocês têm familiares no meio da música, ou foi um interesse que partiu de vocês mesmos? E com quantos anos iniciaram na música?

Érdos: Olá pessoal, agradecemos a oportunidade desta entrevista! Bem, comecei a me interessar por música acho que com uns 9 anos de idade quando um dia encontrei um violão velho em cima de um guarda-roupa (até hoje me pergunto de quem era) em uma das casas que morei, na época era bem comum minha família não permanecer mais de um ano na mesma casa, (o que me fazia ter que me mudar muito). Na minha família não há músicos nem incentivo por parte deles, muito embora que por influência da minha mãe e seus vinis tive meu primeiro contato de fato com música, como The Cure, Sigue Sigue Sputnik e etc... Certa vez conheci um grande amigo até hoje (o Kadu Hammet) e por tardes, observava ele tocando sua guitarra e achava muito bacana, posteriormente ele fez alguns projetos por conta própria como Luxúria das Valquirias, Perverted Midnights e Noite Horrenda. Tudo aquilo era fascinante, observá-lo usando uma câmera pra gravar de um amp, depois usar um editor de vídeos para juntar tudo, então devo tudo o que construí até aqui a ele (uma vez que ele me emprestava muitos discos do seu extenso acervo).

Astratta: Eu comecei a me interessar por música muito cedo, meus pais sempre ouviram muita música de forma eclética. Na minha casa ouvíamos de tudo, música clássica, heavy metal, rock psicodélico, progressivo, eletrônica... até o mais suave jazz. Quando eu tinha meus seis anos de idade, eu costumava acompanhar a minha mãe nas casas de shows onde ela se apresentava como artista solo, (sim, ela é musicista) quando eu estava nesses lugares, sempre observava o baterista, fascinada pelo instrumento. Até que uma vez, durante uma pausa entre uma apresentação e outra, fui correndo desesperadamente até a bateria. Alguns minutos depois eu já estava acompanhando a minha mãe em uma de suas músicas. Foi mágico. Desde então fui melhorando como baterista e participei de algumas ‘lives’ com algumas bandas, onde tive um bom aprendizado. Depois de um tempo, comecei a me interessar por instrumentos de corda, como guitarra e violão. Só então em meados de 2015 pude ter acesso a equipamentos de gravação e pude também iniciar o meu primeiro projeto musical. Desde então, tenho trabalhado com diversos tipos de música me envolvendo cada vez mais com coisas que amo, como música experimental e metal.

Vocês somam uma quantidade bastante considerável de bandas e projetos. Ambos se unem em muitos deles e, também, carregam seus projetos solos. Como se dá o processo de composição e construção de melodia? Tanto nas parcerias quanto sozinhos, vocês se inspiram em quê?

Érdos: Quando iniciei criando músicas eu criava as melodias no violão e as gravava com o celular. Como não tinha a menor condição (nem conhecimento) pra gravar nada, as idéias permaneciam guardadas. As primeiras letras eu rascunhava no meu antigo caderno de escola. (Faz tempo hem). Posteriormente estudando comecei a gravar o teclado no computador, tudo muito chiado (Lo-Fi é chique), daí saiu a primeira demo do V/H/S intitulada "Entardeceres Invividos" (primeira demo feita numa DAW) ela, como tudo o que eu criava, era carregada no SoundCloud. Inicialmente, isso foi uma experiência legal, onde consegui concluir algo. Posteriormente, as melodias (aquelas do início que eu gravava com o celular) só se tornaram músicas mesmo com a ajuda de Astratta. Bem, isso originou nosso primeiro Full-Length "Opus DCLXVI", nele coloquei todas as antigas melodias e letras de momentos diversos de minha vida. E por fim, atualmente, meu processo de composição mudou muito. Às vezes tenho um estalo na mente e anoto alguma ideia para abordar, e como tenho sentimentos e momentos diversos de minha vida, preciso de várias bandas para que eu possa explorar isso de forma adequada, no Autoquíria por exemplo, eu abordo o Alzheimer da minha avó, as lembranças de bons momentos e pequenos nuances que presenciei, como meu primeiro contato com a perda (e o choque de realidade que isso despertou). Resumindo um pouco, componho sem saber aonde vou, no final da composição eu decido onde melhor se encaixa o que, e acabo por usar letras que a muito já tenho guardadas.

Astratta: Eu não tenho noção do que estou fazendo. Simplesmente, abro minha DAW e dentro de algumas horas já tenho uma música pronta. Curioso não?!


Todos os projetos, ou a maior parte, seguem na linha do metal, mais especificamente do metal extremo. Vocês costumam escutar outros gêneros musicais? Quais?

Érdos: Sem dúvidas, eu aprecio a boa música e suas mais diversas expressões como o folk, a música ambiente, stone, música experimental, post-punk e industrial e, com o advento da internet nos últimos anos, tem surgido inúmeros gêneros que me influenciam bastante, como o chiptune, nintendocore, vaporwave, retrowave, até bandas que flertam entre gêneros como música barroca e metal. Acho que o metal é algo que transcende eras e é intrínseco que irá continuar surgindo subgêneros e mesclas que sempre estarei ansioso para ouvir.

Astratta: Sim, embora eu seja mais conhecida no meio do metal extremo, sou uma grande fã da música experimental em si, principalmente da música eletrônica experimental (IDM) e jazz fusion.

Em qual projeto iniciou a primeira parceria de vocês, e como surgiu essa conexão? Já se conheciam, haviam tido algum contato prévio?

Astratta: O Érdos já gravava suas próprias músicas quando o conheci, a gente se dava muito bem, falávamos sobre música o tempo todo e tínhamos os gostos parecidos. Até que um dia ele me propôs assumir as baterias do V/H/S. Eu não hesitei, ele tinha idéias incríveis e conseguia transmitir seus sentimentos mais profundos em seus riffs. Então veio nosso primeiro trabalho juntos, o já mencionado ‘Opus DCLXVI’, gravado em 2016 e liberado posteriormente pelo selo que criamos juntos (atualmente o Póstumo Sölstício Records).

Érdos: Somos inseparáveis. Compartilhamos todo nosso conhecimento entre nós, sempre que aprendemos ou conhecemos algo novo.


Ambos são músicos completos, cantam, tocam e compõem. Uma versatilidade admirável. Quando se unem para criar música, vocês definem seus lugares (quem vai cantar, compor, tocar os instrumentos) ou é algo que surge no momento e de acordo com a proposta musical?

Astratta: Depende. Eu não tenho muita habilidade na escrita, então eu prefiro compor a parte instrumental e deixar que o Érdos escreva e cante quando estamos trabalhando juntos.

Érdos: Em minha defesa, há sempre uma briga pra decidir quem faz o que, então decidimos dividir apenas bandas que criamos juntos como o Synthsatan, haha.


É notável que a música está presente massivamente na vida de vocês. Vocês sentem que, de alguma forma, a música canaliza seus sentimentos e emoções sufocantes? Ela proporciona um escape positivo?

Érdos: Não é como em outros hobbies, é mais uma necessidade corriqueira, é algo que precisamos pra preencher o vazio e dar algum sentido a esta breve e efêmera estadia.

Astratta: O processo de composição funciona como uma terapia para mim, se algum dia eu ficar incapaz de criar música, seja por alguma doença, velhice ou algo do tipo, eu sei que nunca vou conseguir superar isso.

Vocês são pessoas, relativamente, conhecidas na cena underground aqui do país. Érdos, inclusive, é ilustrador e produz logotipos e outras artes para várias bandas. Astratta vêm fazendo parcerias com tantos outros músicos. Como vocês vêem essa cena, mais especificamente do Depressive Black Metal, aqui no Brasil?

Érdos: Há realmente uma quantidade considerável de bandas todas as semanas (eu confesso que não consigo mais acompanhar) e isso é ótimo, ver que o conhecimento e o poder que antes era detido apenas pela indústria fonográfica agora está sendo amplamente divulgado e cada vez mais pessoas adotam o DIY, metem as caras e fazem algo que dê algum sentido a suas vidas, seja na música quanto na arte, eu valorizo essa expressão artística mais pessoal que vem ocorrendo nesses últimos anos.

Astratta: Você sempre pode ver novos projetos de Depressive Black Metal surgindo todos os dias, tanto projeto solos quanto projetos interestaduais. Me impressiona o quanto isso vem crescendo no país. Se eu interagisse mais na internet, de fato, teria a chance de conhecer muito mais pessoas neste meio.

Montosse traz o encaixe entre a melancolia e o sombrio. É interessante e, ao mesmo tempo, intrigada tal relação. É perceptível que muitas pessoas que apreciam a música depressiva suicida também gostam da cultura do horror (filmes, livros, imagens, etc.). Érdos, para você que compõe as letras desse projeto, você acredita que a existência humana é dolorosa e também pavorosa e, por isso, gera essa busca pelo obscuro?

Érdos: Acredito que o medo é inerente a nossa existência, desde muito pequenos já nascemos chorando (tememos sem nem saber a que), quando crianças estamos cercados por histórias de horror, seja no canto escuro do quarto, ou na maldade de uma história onde a bruxa envenena uma garota, ou até nos televisores antigos com monitores CRT (que quando estavam desligados eu procurava pareidolias ali). Quando mais velhos entendemos parte das coisas que acontecem ao redor do mundo e bem essa parte preferimos viver em negação a pensar todos como vermes em potencial, o ser humano por vezes se provou desprezível, seja pelo maltrato animal ou em coisas bem mais horrendas, partindo pra parte mais irracional, costumamos não confrontar nossa mortalidade, viver na ilusão de que enquanto houver amanhã, nós ou quem amamos não irão morrer e, pra ser sincero, o mistério por trás da morte tem sua beleza, nesse caso o medo é algo tão enraizado no inconsciente e de certa forma gostamos disso, a beleza está no efêmero, se vivêssemos para sempre, que graça haveria? Pra mim, o metal extremo preencheu parte da minha necessidade pelo obscuro, tal como a literatura de horror (como do mestre Lovecraft que guia parte da inspiração para o Montosse com seu horror cósmico), os filmes que assistia quando criança (e não dormia suspeitando que uma mão gelada repousaria no meu ombro a qualquer momento, haha). Bem, o medo cumpre o seu papel em nos lembrar que somos mortais e que tanto a humanidade quanto a natureza são cruéis.


As mulheres têm ganhado um espaço cada vez maior, seja no meio musical ou outras áreas artísticas. Como é sua relação com a Astratta, Érdos?

Érdos: Na maior parte do tempo nos damos bem, dividimos as mesmas coisas, assistimos os mesmos filmes, ouvimos as mesmas músicas e nos unimos pra trazer coisas sempre bem diferentes juntos, recentemente estou produzindo (tentando) um jogo e ela está envolvida em algumas partes. Então, independentemente de onde eu vá, eu sei que ela virá comigo.

Não são comuns apresentações ao vivo de bandas onde há um membro apenas, ou mesmo dois. Mas, vocês cogitam fazer algo assim no futuro?

Érdos: Bem, meu caro, pretendemos sim, possivelmente um dia haverá apresentações. No momento, estamos em um hiato financeiro, hahaha, e bem, todos os planos estão restritos à nossa organização futura. Estou atualmente tentando vender minha casa e mudar para um ônibus, e com isso vamos nos organizar para viajar pelo mundo e nos apresentarmos aonde formos.

É evidente a paixão pela música que ambos têm. Vocês costumam realizar suas atividades cotidianas ouvindo música? Quais bandas têm escutado recentemente, e quais podem indicar aos fãs?

Érdos: Costumava ouvir sempre um álbum a caminho do trabalho (vez que levava mais de uma hora pra chegar até lá) e principalmente na hora de dormir, de olhos fechados é um bom momento para refletir e apreciar a música sem interferências. Alguns álbuns me fazem ter sentimentos únicos, vou listar um de cada gênero pra não ficar extenso: (Oranssi Pazuzu) Valonielu; (Zombie Hyperdrive) Hyperion; (Old Silver Key) Tales of Wanderings; (Kraftwerk) Computer Love; (Luxúria de Lilith) Sucumbidos Pela Carne; (Amesoeurs) Amesoeurs; (Lorn) Vessel; (Igorrr) Hallelujah; (Deathstarts) Night Electric Night; (Woods of Desolation) Torn Beyond Reason; (Insomnium) Shadows of the Dying Sun; (Sólstafir) Svartir Sandar; (Symphony Draconis) Supreme Art of Renunciation; (Projeto Trator) Despacho; (Lifelover) Pulver.

Astratta: Eu escuto música praticamente o dia inteiro. Tanto por que eu amo ouvir música ou seja para acrescentar algum conhecimento no meu trabalho com produção musical. Acho que escuto cerca de cinco álbuns por dia. Eu vou mencionar o que tenho escutado recentemente, na verdade, eu fiz uma playlist com alguns dos meus artistas favoritos incluindo Hypomanie, Sun Devoured Earth, Boards of Canada, Drab Majesty, µ-Ziq, Clatterbox, Ghost Bath, Brothomstates, Rotting Christ.


Considerações finais.

Érdos/Astratta: Agradecemos novamente a consideração que nos tem, e esperamos que mais pessoas tragam suas perspectivas de vida em forma de arte para o metal e se esforcem para tirar seus sentimentos cotidianos e depositar isso na música. Temos certeza de que há muitas pessoas com problemas diversos e a música é uma ótima terapia para lidar com tudo, grave seu primeiro som, faça seu primeiro riff ou escreva sua primeira letra. Espero termos ajudado alguém. Abraços.


Você pode encontrar todos os lançamentos solos de Érdos e Astratta, bem como as bandas/projetos onde ambos se unem, e mais informações nos seguintes links:

Esta entrevista também está disponível nas páginas DSBM ImagesDSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil e no blog Depressedy DSBM.