A Notícia do Ceará
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Projeto de doações voltado às mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica visa a transformação social após a pandemia

Foto: reprodução.

“Fez uma diferença enorme na nossa situação! Já era difícil né, quando a gente foi abraçada pelo projeto, foi a melhor coisa que aconteceu dentro da nossa comunidade”, é assim que a Dona Rosa começa a descrever a importância do Ser Ponte, um projeto que busca transferir renda, através de doações da sociedade civil, para famílias chefiadas por mulheres e que estão em situação de vulnerabilidade social.

A Ser Ponte é um coletivo criado durante as circunstâncias emergenciais causadas pela pandemia da Covid-19. “Logo no início da pandemia, ainda em março de 2020, eu fui procurada por pessoas com mais condições e estabilidade financeira se colocando para ajudar, e isso foi crescendo muito rápido, tanto com pessoas que queriam ajudar quanto aquelas que precisavam de ajuda”, explica a atual diretora-presidente da instituição, Valéria Pinheiro, que atua com movimentos sociais há mais de 20 anos.

De acordo com a confederação global Oxfam International, que busca soluções para a desigualdade econômica, a crise sanitária agravou o desemprego no Brasil. Entre os meses de abril de 2020 e de 2021, o número de brasileiros demitidos chegou à marca recorde de 1.400 pessoa por hora. Outro fator que integra a crise foi a desigualdade de gênero, que causou uma perda de renda maior entre as mulheres (por essa população ocupar mais cargos informais), resultando em maior isolamento e nível mais alto de exposição à violência doméstica.

“Eu decidi organizar essa iniciativa que, a princípio, seria para durar quatro meses, com a ideia de fazer chegar dinheiro às mulheres da periferia de Fortaleza”, destaca Valéria Pinheiro. A Ser Ponte busca repassar um valor de R$ 180 para as mulheres atendidas, que são escolhidas pelas agentes territoriais após uma avaliação com base nos seguintes critérios: famílias que tenham pelo menos quatro integrantes, que são integradas por um idoso ou uma criança, e que não estejam recebendo outro auxílio de renda.
Até o final de 2021, o projeto já era responsável pelo repasse de mais de 1.500 cestas básicas e de R$ 495.875 e 23 territórios contemplados.

Foto: reprodução

AUXÍLIO VAI ALÉM DA ENTREGA DE RENDA

Institucionalmente, a organização se define como um projeto de transferência de renda. Mas para algumas das beneficiárias, a importância desse auxílio ultrapassa a ajuda financeira. “A gente já tinha dificuldades em uma comunidade com quase 102 famílias. São 10 mulheres aqui que são beneficiadas, mas não são só elas que são ajudadas, é a comunidade toda. Um momento importante para todos nós  era quando eles chegavam, não só com alimentos, mas com uma palavra amiga, quando ligavam, oferecendo ajuda psicológica. Aqui, a pandemia atingiu de maneira muito forte, tivemos dois óbitos, fora os que ficaram com sequelas. Falar do Ser Ponte é muito difícil, a gente não tem palavra para agradecer”, relata Dona Rosa, emocionada.

A beneficiária é uma das residentes da comunidade Raízes da Praia, que fica localizada próximo à Praia do Futuro. Os moradores ocupam um terreno particular abandonado e lutam por direitos básicos, incluindo fornecimento de energia e um sistema de drenagem. “Tivemos muita luta para estarmos um pouco sossegados, mas ainda não estamos. […] Graças a Deus é uma comunidade muito abençoada que, mesmo com todo o sacrifício, estamos conseguindo nos organizar”, conta Dona Rosa. Além da transferência de renda, o Ser Ponte atua com a doação de mantimentos, roupas, livros, máscaras, alcool, entre outros produtos.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD COVID-19, que calculou indicadores de pobreza entre os meses de maio e novembro de 2020, a redução de valor do Auxílio Emergencial resultou em um forte aumento na taxa de extrema pobreza, após uma breve redução com o início da entrega. No Ceará, a situação foi ainda mais grave: o índice chegou a 8,18%, ultrapassando a média nacional.

SOLIDARIEDADE PÓS-PANDEMIA

De acordo com a diretora-presidente da Ser Ponte, Valéria Pinheiro, ficou evidente que o número de doações variou conforme a gravidade da pandemia e as eventuais tentativas de retomada da economia. “Nos momentos em que a pandemia estava mais crítica, aumentavam as doações, e quando o risco sanitário diminuía, tínhamos perda de doadores e doadoras”, destaca. Com a retomada da economia ganhando cada vez mais força no cenário atual, o número de famílias atendidas tem diminuído. Nos picos da crise, a organização chegou a atender 250 famílias das periferias de Fortaleza mensalmente, enquanto atualmente são 140 beneficiárias.

“A gente quer sair dessa ação emergencial para uma ação mais transformadora, indo além da transferência de renda básica. Não queremos abandonar essa ideia, entendemos com essa experiência que essas mulheres sabem gerir o orçamento doméstico e elas sabem gerir de maneira que supra a necessidade de suas famílias. Mas queremos também pensar, trilhar e construir estratégias de maior autonomia para essas mulheres, seja de geração de renda, de empregabilidade, de educação e cultura. Claro que tudo vai depender dos apoios que chegarem, tanto com pessoas físicas quanto entidades”, afirma a diretora-presidente Valéria Pinheiro.

Para se tornar um dos doadores do projeto, os interessados podem se cadastrar na plataforma Benfeitoria, realizando uma assinatura que permite o pagamento mensal de R$ 20, R$ 50, R$ 100, ou o valor que for mais conveniente. A assinatura no site pode ser cancelada a qualquer momento. Outra opção disponível é programar uma transferência mensal através da conta bancária ou do Pix, utilizando as seguintes informações:
Banco do Brasil
Agência 1369-2
CC: 31469-2
CNPJ: 45.009.882/0001-94
Pix: doar @serponte.org.br

Veja mais informações sobre Ser Ponte aqui.

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