Conheça a história que levou Julia Travieso, criadora do CTV LAB, a entender que na economia criativa o grande trunfo não está no objetivo, mas sim no aprendizado do processo
Uma das primeiras perguntas feitas a um jovem ingressante do ensino superior é o motivo pelo qual ele escolheu a graduação que irá cursar. Entre os alunos de jornalismo, a resposta costuma girar em torno de uma ideia comum: “vou fazer jornalismo porque quero mudar o mundo”. Nem sempre é possível mudar o mundo, mas às vezes é possível mudar o nosso mundo e a realidade de algumas pessoas. Esse é o caso da Julia Germano Travieso, que encontrou na economia criativa uma forma de devolver à sociedade em forma de comunicação o investimento educacional que ela recebeu.
Formada em Jornalismo pela Unesp em 2015, os primeiros contatos da Julia com a concepção do que viria a se tornar seu trabalho diário veio ainda na graduação. Fosse em conversas com professores ou colegas, o assunto “economia criativa” (que à época não tinha a forma ou o conceito que tem hoje para Julia) sempre lhe despertava grande interesse. E foi na união de forças com colegas que saiu do papel a primeira agência de Julia, ainda distante do que viria a ser o futuro de sua fundadora, mas um primeiro passo para o processo de aprendizagem e amadurecimento que a trariam ao CTV LAB, um laboratório de comunicação focado em criar soluções para projetos preocupados com a transformação social.
Ao longo dos anos as adversidades enfrentadas no caminho só serviram de estímulo para o trabalho da jornalista. Julia teve seu projeto de agência frustrado duas vezes antes de chegar ao CTV LAB, resultado da reformulação da antiga Agência Cative!, mudança que veio a partir da percepção de que a abordagem existente no antigo empreendimento não levava ao público a mensagem que ela queria passar. Para ela, os desencontros ao longo do processo foram necessários: “Agora eu vejo que (o laboratório) comunica melhor o que eu quero falar. Mas é um processo, não tem como você pular partes, achar que porque você é da área da comunicação que você vai descobrir o caminho mais rápido”.
Sempre buscando “o outro caminho”, a ideia não é apenas elevar a qualidade técnica dos produtos oferecidos pelo laboratório, mas também prestar um serviço capaz de transformar narrativas. É o caso de um dos projetos realizados no CTV LAB. Após ingressar no ramo a partir do reconhecimento da carência de um mercado voltado para o seu tipo de cabelo em Bauru, a cliente uniu a necessidade de buscar novos rumos profissionais à falta de um serviço qualificado. Após contratar os serviços da Cative! para a criação de material audiovisual, a profissional passou a ganhar mais reconhecimento na cidade, sendo até mesmo parada em shoppings por admiradores do seu trabalho.
Mais do que as pessoas verem, ela se enxergou com essa nova visão. Porque na nossa cabeça a gente sempre fica se comparando com os outros que tem um monte de coisa, que conseguiram fazer tudo que a gente ainda não conseguiu fazer, e a gente não percebe que na verdade a gente já fez um monte de coisas também.
Julia Travieso
A particularidade da atuação da Júlia no mercado é tão notável quanto a própria marca. Antes trabalhando como uma agência, a Cative passou a perceber-se como laboratório, ou seja, como um espaço de experimentação e compartilhamento do conhecimento, e não apenas de venda de produtos: “O ‘lab’ vem justamente para isso, para trazer a ideia de que é um espaço de experiências e de pessoas aprendendo e descobrindo juntas. Eu não presto os serviços de marketing digital, a ideia é realmente trazer autonomia e independência para que as pessoas criem a sua própria comunicação”
Com uma ideia simples, mas poderosa, o CTV LAB traz um conceito que vem da base da economia criativa: quanto mais pessoas fazendo e mais forte o movimento se tornar, mais forte será a rede de apoio, o que é melhor para a sociedade. “É sobre você encontrar o recurso e os parceiros. Quem são as pessoas que estão próximas de você e podem te ajudar? […] A ideia não é ter o melhor profissional da cidade, mas sim ter um que sabe o que você quer e pode te apoiar dando exatamente o que você precisa.”, afirma Julia.
A história do CTV LAB e o caminho para que a marca se encontrasse no mercado convergem com o ganho de entendimento de sua criadora sobre os processos que fazem parte desse negócio. Hoje ela percebe a economia criativa como um processo de colaboração que tem como consequência a geração de renda e desenvolvimento sócio-econômico: “A economia criativa é sobre compartilhar cultura, compartilhar conhecimento, compartilhar experiências enquanto consegue pagar as suas contas. […] Na maioria das vezes não é uma escolha, mas sim uma necessidade.”
De todo o caminho trilhado até o entendimento daquele que pode ser visto como seu propósito, a relação de Julia com a economia criativa mostra para o grande sentido de todo o movimento, o aprendizado e o crescimento que se conquista ao longo do processo. “Para a maioria das pessoas que estão nesse meio é a única opção, não tem uma escolha. A pessoa não está ali enquanto ela vê se não quer outra coisa ou tentando inovar, ele precisa fazer aquilo dar certo do jeito que tiver que ser. Na economia criativa o foco não está na ideia, mas sim na prática e no processo. […] É tudo um processo, e a economia criativa enxerga isso muito bem. Ela consegue, de uma forma inteligente, pular obstáculos que negócios tradicionais não conseguiriam.”
Sem mudanças não haveria evolução, e essa é a perspectiva da jornalista: “A gente evolui, não porque todas as pessoas estão aqui desde o dia um e estão evoluindo, mas porque cada vez que muda uma pessoa a gente muda a nossa visão, a gente muda a forma de fazer e muda o nosso contexto, e a gente se dirige para o que todo mundo quer. A multiplicidade de perspectivas é muito importante”. A Julia e o CTV LAB seguem mudando, dia após dia, em busca de sua melhor versão. É no processo que as ideias amadurecem e se concretizam, e é através do compartilhamento que cada um consegue, pouco a pouco, realizar aquele velho sonho de transformar o mundo em um lugar melhor.