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Cura de câncer, festa em família e acessibilidade em Fluminense x Atlético-MG

Cura de câncer, festa em família e acessibilidade em Fluminense x Atlético-MG

Tricolor e Galo proporcionaram um espetáculo de sensações controversas no Kleber Andrade. Em cena, muito amor pelos clubes e críticas à estrutura do estádio

Publicado em 5 de maio de 2024 às 08:00

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Torcedores falam das suas histórias e trajetórias de afeto com os clubes pelos quais torcem
Torcedores falam das suas histórias e trajetórias de afeto com os clubes pelos quais torcem . (Vítor Antunes/A Gazeta)
Vitor Antunes
Reporter / [email protected]

Mais uma vez o estádio Kleber Andrade sediou um jogo que contou com a presença do Fluminense. Nesta semana foram dois. Com mando de campo pelo clube carioca, que transferiu a partida para Cariacica em razão do show da cantora norte-americana Madonna no Rio de Janeiro. Neste sábado (4), o Tricolor empatou com o Atlético-MG pelo placar de 2 a 2, com gol de German Cano e Renato Augusto. Vargas anotou os dois do Galo.

O jogo, disputado a todo tempo e com equilíbrio entre as equipes, também equilibrou o clima festivo com o de tensão. Um princípio de confusão motivado por torcidas organizadas quase ofuscou a grande celebração entre os clubes na arquibancada. Resolvida essa questão, a amizade se sobrepôs à animosidade e o público presente trouxe muitas histórias para além dos 97 minutos da partida. 

Torcida do Fluminense: Superação e homenagens

Entre os tricolores, Ana Julia Tonon, uma torcedora que vivia um momento especial da vida: estava indo para o primeiro evento público após o seu tratamento quimioterápico. “Eu tive câncer de mama, e acabei minha última quimioterapia semana retrasada. Então, essa é a primeira vez que estou saindo à rua. E não podia ser diferente, tinha que ser um jogo do Flu”, disse ela. Moradora de Vitória, tanto ela como a amiga Lívia Marcon e a sua irmã Luiza Tonon, que a acompanharam planejam após a última radioterapia assistir a mais um jogo do Fluminense, mas no Maracanã.

Ana (à direita), sua irã e amiga a acompanharam na primeira saída após tratamento quimioterápico
Ana (à direita), sua irmã e amiga a acompanharam na primeira saída após tratamento quimioterápico. (Vítor Antunes /A Gazeta)

Outra, igualmente apaixonada pelo Tricolor das Laranjeiras é a médica Letícia Rizzo, também de Vitória. Ela, que esteve presente na retomada do Flu que impediu o seu rebaixamento em 2009 tomou a si uma decisão: se tivesse um filho, colocaria nele o nome do ídolo tricolor Fred. E assim aconteceu, em 2017. O encontro entre os Fred’s aconteceu na última sexta (03) na porta do Hotel em que o Fluminense estava hospedado. “Ele abriu um sorrisão, pegou meu filho no colo, tirou foto, foi bem legal”. Letícia contou à reportagem que a paixão pelo Fluminense começou por conta do seu pai, que era tricolor ainda que tivesse jogado pelo Rio Branco.

Letícia Rizzo e seu filho Fred, homenageado com o nome do craque tricolor
Letícia Rizzo e seu filho Fred, homenageado com o nome do craque tricolor. (Vítor Antunes/A Gazeta)

O juiz de Direito Bernardo Fajardo Lima estava levando um dos filhos pela primeira vez para uma partida de futebol e celebrou a vinda do clube ao Espírito Santo. “A expectativa é muito grande. Eu sou de Cachoeiro de Itapemirim. Sempre que podemos, acompanhamos os jogos, seja presencialmente, ou não". João, o filho mais novo de Bernardo, foi para ver de perto o jogador Marcelo. Já seu irmão mais velho, Miguel, o Germán Cano. Sobre serem todos tricolores, o pai orgulhou-se. “A gente precisa preservar essa tradição familiar”.

A família do advogado Bernardo Fajardo compareceu ao estádio. Seu filho Miguel (de branco) estava indo pela primeira vez a um estádio. Eles são de Cachoeiro de Itapemirim
A família do advogado Bernardo Fajardo compareceu ao estádio. Seu filho João (de branco) estava indo pela primeira vez a um estádio. Eles são de Cachoeiro de Itapemirim. (Vítor Antunes/A Gazeta)

Torcida do Atlético-MG: Flamenguista disfarçado e aniversário de menino

Do lado do Galo, o casal Lucas dos Santos e Priscila Dias. Ela, pela primeira vez no estádio de futebol, celebrava a felicidade em poder ver seu time do coração de perto, e não só por isso, mas também, por trazer seu marido junto - ainda que ele fosse flamenguista. “Foi difícil, mas eu consegui”, disse a esposa. A única queixa deles era relacionada não à acessibilidade do estádio, mas ao espaço destinado às pessoas com deficiência. Ambos tiveram de ficar atrás do gradeado, o que limitava o campo de visão do campo. 

O casal Priscila e Lucas foi ao estádio. Ela é atleticana e ele, flamenguista
O casal Priscila e Lucas foi ao estádio. Ela é atleticana e ele, flamenguista. (Vítor Antunes)

Guilherme, 10 anos, estava na torcida do Atletico-MG, trajado com o manto alvinegro, mas não se conteve ao ver a entrada dos jogadores do Fluminense e gritava a plenos pulmões o nome do Felipe Melo, torcendo por um aceno, um afago do jogador que não é conhecido exatamente por ser gentil. "Me inspiro nele por que ele é bravo e parece um "pit bull".  Seu sonho é ser jogador de futebol, mas de outro tricolor: o Grêmio.

O irmão dele, Henrique, estava comemorando o aniversário no jogo do Galo. Ambos os meninos são torcedores do Atlético-MG por influência do pai, que é mineiro. E eles estão confiantes do título do Atlético.

Os irmãos Bernardo e Henrique jogam futebol e foram comemorar o aniversário do mais velho no Kleber Andrade
Os irmãos Henrique e Guilherme jogam futebol e foram comemorar o aniversário do mais velho no Kleber Andrade. (Vítor Antunes/A Gazeta)

Que seria o futebol senão essa mistura de sensações, essa confusão que mistura brasões, bandeiras e tensões? É a generosidade apaixonada que faz com que num mesmo coração caiba quatro clubes, como o do menino Guilherme. É o que celebra a cura de uma doença dura. Sem dúvida, ainda que haja várias possibilidades de entendimento, tática e técnica sobre o empate entre Fluminense e Atlético Mineiro, prevalece essa sensação de abraço, originada do amor ao futebol, e sentida aqui no Espírito Santo.

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