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Pai, para além da dor.


Nossos Pais são nosso primeiro acesso às emoções, ao prazer do afeto e da atenção, ao amor, ao carinho... Também são eles que nos dão acesso à dor, à insatisfação e à frustração. Segundo Bert Hellinger, "De nossos pais temos tudo, o que somos e o que nos falta."


Trago um relato de uma vivência de Constelação Familiar:


Um sr. de 67 anos veio participar de um workshop, vivência de constelação Familiar em grupo. No início do workshop, foi pedido que cada membro presente dissesse o seu nome e o nome de seus pais por completo.


Chegando a sua vez de falar, ele se emociona e diz:

Tenho reservas com meu pai, não sei se consigo dizer o nome dele… - chorando, ele continua - Ele não gosta de mim...

Após terminar a rodada, o convido para se sentar ao meu lado e pergunto:

O que aconteceu para que o sr. pensasse que o seu pai não gosta de você?


Assim, ele relatou: Sou o último de 05 filhos, minha mãe faleceu no meu parto… Meu pai me entregou para a irmã dele, para ela me criar, e ficou com os outros filhos. Eu sofri muito! Minha tia sempre foi muito severa e meu pai até aparecia muitas vezes, mas sempre com a cara “feia”. Quando eu chegava perto, ele se esquivava… Eu chorava porque queria um abraço, ou pelo menos um aperto de mão, um carinho, uma benção...

Olhando para aquele sr., tudo o que eu via era uma criança pedindo colo.


Pedi então que ele escolhesse um representante para seu pai e um para ele, e os posicionasse no campo. Ele escolheu dois homens e os colocou um de frente para o outro… Logo em seguida, o representante do pai não conseguiu se conter: ele trouxe uma expressão de muita tristeza, fixando o olhar para baixo.

Enquanto isso, o cliente soluçava.


Pedi que uma mulher se deitasse no chão de costas, na direção do olhar do pai: Imediatamente, o representante do pai cai em cima dela, chorando copiosamente.


O cliente me pergunta: Quem ela representa?

Sua mãe! Eu respondo.

Ele se aproxima de seus pais carinhosamente, e peço para ele dizer:

Eu senti muita falta de vocês!

Ele repete a frase, chorando alto.

Sua mãe o olha com ternura e vira a cabeça do pai, para que ele olhe para o filho.

Peço, então, que o pai diga:

Eu sinto muito filho, olhar pra você me causava muita dor!

E ele repete a frase, extremamente emocionado.

Em seguida, eles se abraçam, e choram por um longo tempo...


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Eu te convido a olhar para seu pai e se perguntar: Eu realmente o vejo? Ou vejo apenas os meus pensamentos sobre ele?


“Muitos que reclamam dos seus pais olham para questões secundárias e não para o essencial. Assim perdem o essencial. Em todas as situações onde alguém critica seus pais está diminuindo o essencial dentro de si. Fica mais estreito, menor, limitado. Quanto mais o fizer, mais limitado fica. Ao contrário, se alguém olha para o essencial e toma a vida em sua plenitude e pelo preço total que custou aos seus pais e que lhe custa, essa pessoa pode enfrentar todas as situações.” Bert Hellinger


Um pai vem de seu próprio pai e de sua mãe; e como um filho, carrega também as dores de sua pequena criança. Ele é, afinal, um homem bem comum.

Bert Hellinger nos instrui a deixar com os pais o que pertence ao destino deles, com tudo o que faz parte, e tudo que faz falta. É necessário reconhecê-los como pessoas normais e comuns, pessoas que vieram de seus próprios sentimentos e emaranhamentos.


Aos filhos, cabe tomá-lo como ele é, sem julgamentos, e agradecê-lo pela vida!


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Vivência realizada em grupo conduzida pela Terapeuta Irinéia Meira




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