What if…?

Publicado por Álvaro França em

What if…?

E se alguns dos pilares do nosso formato não existissem? Como seria o Pauper em uma situação hipotética na qual o metagame se sustenta em arquétipos diferentes dos que vemos hoje? Tenho certeza que você já se fez essas perguntas e hoje estamos aqui para tentar respondê-las!

Saudações jogadores!

Nessa última quarta-feira, dia 10 de fevereiro, a Wizards of the Coast fez um anúncio [1] a respeito dos novos Secret Lairs que estarão disponíveis para compra entre 12 e 21 de fevereiro. O que alguns não notaram é que, dentre todos os parágrafos do anúncio, havia um comunicado oficial a respeito de banimentos.

Pelo Twitter [2] da empresa tivermos a confirmação de que o próximo anúncio possivelmente será na segunda-feira, dia 15 de fevereiro.

Foi citado, conforme pode ser visto nas imagens acima, que a equipe da Wizards está trabalhando em um anúncio maior de Banidas e Restritas. Não ficou claro quais cartas serão contempladas além de Uro, Titan of Nature’s Wrath, nem se essa atualização, de fato, contemplará também o formato Pauper, mas visto o que discutimos no Metanalysis desse mês a respeito da aparente polarização que o formato Pauper tem mostrado, podemos especular que algo pode ser feito, em um futuro breve, para conter esse efeito.

Considerando agora que essa nova atualização da lista de banidas e restritas contemplará o formato Pauper, quais cartas de fato parecem ser peças problemáticas? Se banida, mitigariam esse aparente efeito de polarização? Além disso, quais outras cartas necessitariam ser retiradas juntas a estas para que o formato pós banimento não se torne pior do que o formato antes deste? Vamos discutir um pouco esse tema adiante!

O Formato hoje

Hoje o formato Pauper, se apoia, basicamente, em 3 pilares, São eles:

– Big Mana Controls (Tron)

– Midranges Azuis (UB Faeries, UR Skred, UB Delver, MonoU Delver e etc.)

– Midaranges e Combos Cascade (MonoG Cascade Walls, RG Cascade, Sultai Cascade Pile e etc.)

Os midranges azuis e o Tron sempre foram muito presentes no formato, mas normalmente o terceiro pilar era constituído pelo Boros Monarch e suas mecânicas de recursão entre Kor Skyfisher e Glint Hawk, e os artefatos que possibilitam comprar uma carta com seu efeito Enter the Battlefiel (ETB). Além disso, claro, possui o próprio Palace Sentinels como mecânica de Card Advantage. Vez ou outra um aggro mais versátil como o Stompy consegue tomar essa posição, mas nunca durou muito tempo.

Hoje, vemos que o Boros perdeu esse posto para os midranges e combos com as criaturas com Cascade (Annoyed Altisaur e Boarding Party). Normalmente são arquétipos rápidos que conseguem exercer uma pressão no battlefield antes que os outros arquétipos executem suas mecânicas. Mas, esses pilares encontram-se desequilibrados, mesmo que sustentando o formato. Quando tínhamos os Boros em alta, tínhamos a “cadeia alimentar” fechada. O Tron tinha matchs justas contra o Boros, o Boros tinha matchs justas contra os midranges azuis. Estes por sua vez tinham matchs justas contra o Tron. Hoje vemos um ciclo onde os Cascades têm matchs justas contra o Tron, que por sua vez tem matchs justas contra os midranges azuis, que acabam tendo matchs justas contra ambos os outros dois arquétipos.

Apenas para ilustrar o que discutiremos no próximo tópico, vamos relembrar a estrutura básica de cada um desses pilares.

A estratégia do Tron (e quando digo Tron, me refiro à lista clássica, Control, 5colors) é basicamente ter recursividade com seus materiais utilizando Mnemonic Wall e Ghostly Flicker/Ephemerate, ou Pulse of Murasa, enquanto retarda o avanço dos aggros com cartas como Stonehorn Dignitary e Moment’s Peace, e algumas outras counters e remoções que variam de lista para lista. Além disso, possui o acesso a Bonder’s Ornament, que ajuda na perenidade do Card Advantage.

Já os midranges azuis, usam da estratégia Tempo para conseguir retardar o desenvolvimento do oponente com counters e remoções. Enquanto isso, conseguem Card Advantage e seletividade com suas cantrips, enquanto geram criaturas de valor com baixo custo que conseguem finalizar o jogo através do dano de combate.

Na maioria desses arquétipos, exceto o UB Delver, vemos que o Ninja of the Deep Hours é uma carta importante, por ser uma criatura que auxilia os draws e consegue, ao mesmo tempo, colocar pressão em um adversário mais lento, sem perder o Card Advantage. Principalmente contra Tron, essa é uma estratégia recorrente. Quase que completamente, o motor de Card Advantage desse tipo de arquétipo é manter seus ninjas vivos o máximo possível para que a compra de cartas resolva as futuras ameaças do oponente. Contra arquétipos como os Cascades, a estratégia é basicamente remover todas as criaturas problemáticas, anular as mágicas recursivas e ganhar o jogo através das criaturas com Flying. Vale lembrar ainda que normalmente esses arquétipos têm acesso à cartas que garantem o Monarca. Principalmente as recentes que foram lançadas em Commander Legends, e que também auxiliam na estratégia de um Card Advantage perene.

Para finalizar, os Cascades, em sua versão combo, buscam conseguir fazer as criaturas com Cascade de maneira rápida, com o auxílio de criaturas que gerem mana como Axebane Guardian e Overgrown Battlement. Geralmente o sideboard desse arquétipo carrega cartas que o transformam na versão totalmente Combo que existia antes do lançamento de Commander Legends, que busca mana infinita com Axebane Guardian e Galvanic Alchemist/Freed from the Real.

Já as versões midrange são um pouco mais voltadas a terem remoções spot e globais para lidar com ameaças, enquanto constroem uma sólida base de mana com Bonder’s Ornament e Llanowar Visionary, para futuramente buscarem o Card Advantege com as cartas com Cascade. As versões midrange não estão tão famosas ainda e não tem jogos tão favoráveis contra Tron. Exceto a versão RG Cascade que utiliza cards com land destruction no main deck, que acabam por atrapalhar bastante o Tron. As versões Combo costumam ser bem rápidas. Rápidas a ponto de trazerem as criaturas com Cascade cedo o suficiente para que o Tron ainda não tivesse setup para lidar com as ameaças.

Dito tudo isso, vamos as possibilidades principais de banimentos!


Possibilidades de Banimentos

Levando em conta o desequilíbrio entre os pilares do formato e a aparente polarização mostrada no metagame de janeiro, vamos às possibilidades!

NOTA: Está é uma análise técnica de possibilidades que não reflete a minha opinião pessoal a respeito de se deve ou não ocorrer bans, ou se seria bom ou não para o formato.

Ghostly Flicker/Ephemerate:

Estas são cartas polêmicas e já muito criticadas dentro do formato. Coloquei ambas juntas nessa parte pois ambas executam um papel muito similar nos arquétipos de que fazem parte.

Elas são a mecânica principal de recursividade no Tron. Sem essas cartas, os loops com Mnemonic Wall, Stonehorn Dignitary e Dinrova Horror não seriam possíveis. Claro que temos ainda uma carta substituta que faria um efeito similar, que é Displace. Esta é já uma carta que é conhecida pela comunidade e sempre trazida como possibilidade de substituição no caso de banimento das outras cartas Flicker. Assim, acredito que a Wizards tem conhecimento de sua efetividade e, se desejarem de fato banir os Flickers para mitigar as quantidades de Tron no metagame, esta carta provavelmente também seria banida. A parte ruim disso é que arquétipos como o UW Familiars, e o não tão potente UB Flicker, seriam também prejudicados com esse banimento.

Ninja of the Deep Hours:

Essa é a principal fonte de Card Advantage dos midranges azuis. Claro que também temos outras, mas o Ninja é uma carta que de fato entra em quase todas as listas destes arquétipos e costuma ser o fator diferencial contra vários oponentes, principalmente os que tendem a levar o jogo muito para o late game. Sem o ninja, certamente os midranges azuis estariam prejudicados.

Snuff Out:

Se você tem acompanhado as minhas últimas análises de metagame, devem ter notado que o arquétipo UB Faeries ganhou bastante notoriedade nos últimos meses. Com isso, a carta Snuff Out acabou virando uma staple fixa do formato, e uma das melhores remoções. Junto com Cast Down, tornou-se uma ferramenta imprescindível para lidar com as ameaças do meta. Por ser uma remoção com custo alternativo que permite o cast sem o gasto de mana, e por remover a maioria das ameaças do formato (Annoyed Altisaur, Axebane Guardian, as criaturas que garantem Monarca em sua maioria, e etc), a carta ganhou seu slot fixo nesses arquétipos.

Por isso, muito da força dos arquétipos UB principalmente, vem da possibilidade de se executar uma remoção sem ter terrenos untapped disponíveis. É uma carta que de fato tem uma curva de poder maior do que a maioria do formato, e acaba dando versatilidade demais para os variantes UB. Com a chegada de Kaldheim e a inclusão e Ice Tunnel nas listas, a carta ficou ainda mais poderosa, possibilitando que os UBs consigam utiliza-la pelo seu custo alternativo com mais facilidade.

Bonder’s Ornament:

Essa na verdade é uma opção que eu não acredito muito. Mas como a carta gera certo desconforto no metagame por demonstrar, como primeira impressão, uma similaridade com Arcum’s Astrolabe, e possibilitar vários arquétipos “3Color Good Stuff”, aqueles que usam três cores e praticamente as melhores cartas de cada cor, a comunidade acaba por criticá-la. Não vejo um forte desbalanço nessa carta em específico, mas como historicamente a insatisfação da comunidade acaba pesando na decisão da Wizards, podemos ser surpreendidos.

Monarchs:

Coloquei aqui todas as cartas que garantem Monarch por não ter uma em específico que se destaque ou não possa ser substituída por outra carta que garanta Monarch.

Essa é uma mecânica também polêmica e que divide opiniões. Muitas pessoas acreditam que Monarch, por ser uma mecânica que não foi criada para o Pauper e sim para o Commander, não deveria ter espaço no nosso formato.

De fato, o Card Advantage gerado pelo Monarch é o que sustenta vários decks, como o UB Delver e o Boros Monarch, que apesar de estar sumido, não pode ser esquecido. Além disso, o Monarch é uma mecânica constante, isto é, uma vez que uma carta que garanta Monarch entre com sucesso no battlefield, um dos jogadores, obrigatoriamente, comprará um card adicional por turno. Não existe forma, até o momento, de excluir o Monarch da partida sem finalizá-la. Isso gera uma situação de “Minigame” que é o termo utilizado em jogos para situações em que primeiro você precisa resolver um “jogo dentro do jogo”, para depois resolver o jogo em si. Essa não é uma situação muito saudável para o formato e acaba desagradando muitos jogadores, causando um efeito similar aos decks com muitos Planeswalkers que aparecem em outros formatos.

Assim, essa é uma outra possibilidade de banimento que a comunidade já comenta há algum tempo.

– Cascades:

Outro tipo de carta que parece pertinente ser tratada em grupo. As cartas com Cascade, principalmente as criaturas recém lançadas em Commander Legends, tem causado um grande impacto no metagame. Tanto que, a simples inclusão das duas cartas, acabou criando novos arquétipos que conseguiram bater de frente com o gigante Tron que, até então, parecia ser o “deck to beat”. De fato, conseguir executar uma carta com Cascade com velocidade é uma estratégia que, não é imbatível, mas é forte o suficiente para gerar um “corner condition”, que é aquele estado de jogo em que ou você resolve a ameaça na mesa antes de seguir com a sua estratégia, ou a ameaça “resolve você”. Acaba sendo uma situação similar (porém menos impactante) à situação de “Minigames” que citei quando falei a respeito dos Monarchs. Dessa forma, podemos considerar que essa também é uma possibilidade.

Com essas informações em mãos, vamos agora às possibilidades de desfecho para essa possível atualização de banimentos!


What if…?

Depois de analisadas as possibilidades, vamos tentar entender como seria o formato em cada um dos possíveis cenários de banimentos. Para isso, vamos considerar que, uma vez executado um banimento em uma carta que prejudique um arquétipo, esse arquétipo seja enfraquecido o suficiente para não se manter no tier em que está atualmente.

Vale ressaltar que todas essas são possibilidades, isto é, são situações que podem ocorrer, mas podem não ocorrer também.

– Banimento apenas de Flickers:

Nesse caso o tier mais impactado seria, com certeza, o Tron. Outros arquétipos como o UW Familiars acabariam por se extinguir também. Assim, o movimento natural do metagame seria um aumento na procura de midranges azuis, principalmente os UB. Digo isso pois, com a ausência de um dos principais freios contra os aggros, estes devem começar a subir em número, e os arquétipos UB acabam tendo as melhores remoções para lidarem com esse tipo de arquétipo. Há também a possibilidade que variantes pretas voltem ao jogo, como BW Pestilence e os midranges Cascade que tem surgido ultimamente, que também tem jogos bem justos contra aggros. O UR Skred também não fica atrás. Tendo acesso a Pyroblast/Red Elemental Blast e a Gorilla Shaman, suas ferramentas acabam sendo ainda muito fortes contra os outros midranges azuis e contra alguns aggros.

No fim, acabaríamos novamente com um metagame polarizado entre midranges azuis e midranges pretos, e aggros mais flexíveis como Stompy e GW Auras. Não me parece um metagame melhor do que o que temos agora. O que vocês acham? Deixem nos comentários!

– Banimento apenas de Snuff Out:

Aqui teríamos um enfraquecimento dos UBs e talvez dos midranges pretos (com Cascade), mas a mudança no metagame em si poderia ser muito pequena. Os afetados iriam tender a utilização de mais cópias de outras remoções como Cast Down, ou mais cópias de Agony Warp no caso do UB. Mas o formato em si não sofreria tanto com a mudança e provavelmente acabaríamos em uma situação muito similar a que estamos agora, talvez com um Tron um pouco mais forte.

– Banimento apenas de Ninja of the Deep Hours:

Aqui provavelmente teríamos uma grande reviravolta, mas aparentemente não muito positiva. Com a saída de Ninja, os midranges azuis perderiam muito do seu valor de early e late game, o que pioraria tanto as suas matchs contra Tron, quanto contra os midranges pretos. Simplesmente deixará de existir a formação que existe hoje para esse tipo de arquétipo. Teríamos com isso o aumento de Cascades, tanto combo quanto midrange, que acabariam dominando com facilidade os aggros do formato tanto quanto o Tron.

Por fim, acabaríamos, provavelmente, com um formato novamente polarizado entre Trons e Cascades.

– Banimento dos Cascades:

Caso isso ocorra, teríamos, provavelmente, um reforço no metagame que já temos agora, aparentemente polarizado entre Trons e midranges azuis, e a entrada de um novo pilar de sustentação no formato. Os arquétipos mais prováveis de preencher esse posto são as variantes Boros e o Stompy. No fim, como os midranges azuis e os Trons continuam ainda muito fortes, voltaríamos ao mesmo estado de metagame que estamos hoje. Também não parece uma boa solução.

– Banimento de Bonder’s Ornament:

O banimento de Bonder’s impactaria principalmente o Tron, mas acabaria também por ser um fator prejudicial aos novos midranges. No metagame atual vemos que as listas midrange utilizando Bonder’s Ornament para melhorarem os jogos que se estendem demais. O Tron em si sairia perdendo, mas, considerando que o Tron já possuía várias mecânicas de Card Advantage mesmo antes do lançamento de Bonder’s, é provável que não mude muito sua efetividade. Assim, não teríamos grandes mudanças. Os midranges de 3 cores provavelmente iriam ficar um pouco piores e menos procurados, mas o Tron e os midranges azuis continuariam no comando.

– Banimento dos Monarchs:

Este talvez fosse um banimento de bastante impacto. Tanto os midranges azuis (sobretudo os UBs) e os demais midranges como o MonoB e os Tricolors que surgiram recentemente seriam impactados. Isso sem contar o Boros Monarch que perderia sua principal mecânica de Card Advantage. A solução aqui seria substituir os Monarchs por mais cópias de Bonder’s Ornament, o que não é uma substituição direta em questões de poder, mas ajudaria esses arquétipos a manter o Card Advantage. O problema aqui é que “quando todos tem Bonder’s, ninguém tem Bonder’s”, uma vez que a carta possibilita que qualquer jogador que a tenha no battlefield compre carta. Causaria uma pequena reviravolta no metagame, mas no geral, acabaríamos penalizando os midranges e deixando os Trons e aggros no comando, polarizando novamente o metagame.


Com isso podemos ver que um banimento só, isolado, não traria o metagame para um ponto melhor do que o que está hoje. Como seria, então, a combinação desses banimentos? O que ocorreria com o metagame se mais de um arquétipo fosse impactado?

– Trons e Midranges azuis impactados:

Banindo Flickers e Ninjas ou Flickers, Ninjas e Snuff Out, acabaríamos por tirar da jogada os dois principais arquétipos do metagame. Como em um ecossistema, retirando os predadores nós abrimos espaço para que outras duas espécies assumam.

O Tron tende a inibir a presença de aggros, principalmente os mais lineares. Seria possível que víssemos arquétipos como Stompy, GW Auras, e até mesmo o Slivers voltarem a ativa. Além disso, arquétipos control no Pauper resumem-se basicamente ao Tron e ao BW Pestilence. Isso ocorre pois não há motivos, para quem deseja jogar de Tron, de buscar outras alternativas que não sejam essas. São de fato os melhores arquétipos desse macrotipo. Assim, provavelmente veríamos o surgimento de outros controls no metagame, e o retorno de alguns antigos como o UB/Grixis Teachings que acabam ficando escondidos no metagame que temos hoje.

Já os midranges azuis tendem a inibir arquétipos como o Boros Monarch, por exemplo. Seria a chance de que esse arquétipo voltasse com bastante força para ocupar o posto de um dos pilares do formato. Além disso, os midranges pretos e os demais arquétipos que utilizam da mecânica Cascade também acabariam ficando mais fortes, e se manteriam como um dos pilares do formato mesmo sem o acesso a Snuff Out.

– Trons e Cascades impactados:

Banindo Flickers e as criaturas com Cascade, teremos impacto principalmente no Tron e nos midranges e combos com Cascade. No caso dos combos com Cascade, que hoje é basicamente o MonoG Cascade Walls, o arquétipo voltaria à formação que tinha antes do lançamento de Commander Legends. Não era um arquétipo pilar do metagame como é hoje, mas certamente era um arquétipo forte.

Talvez em primeiro momento o arquétipo sumisse, mas voltasse aos poucos ao nível de face que tinha antes de sua atualização com as criaturas com Cascade. No caso dos midranges, a maioria deixaria de existir, de fato. Muitos desses midranges como o RG Cascade Land Destruction e o Sultai Cascade se apoiam bastante na possibilidade de executar essas criaturas com sucesso para conseguir o Card Advantage e a Kill Condition necessária para finalizar o jogo. Então, basicamente, o máximo que poderia ocorrer seria a reestruturação desses arquétipos para versões mais fracas, que acredito não terem potencial para competir com o restante do formato.

O caso da ausência do Tron já foi comentado no tópico anterior. No caso da ausência dos arquétipos Cascade, o que teríamos provavelmente é um retorno das variantes Boros, e o surgimento de alguns arquétipos controls (também reforçada pela ausência do Tron), além é claro do retorno de aggros mais lineares que tem dificuldade em lidar com midranges que possuem muitas remoções e criaturas muito grandes, ou combos muito velozes.

Considerando ainda que a quantidade de jogadores seja quase constante (baseado nos Challenges que tem número de inscritos muito próximos em praticamente todas as semanas), é possível que em um segundo momento entremos em um metagame sustentado por midranges azuis, variantes Boros e aggros mais lineares como o Stompy, e que os jogadores alternem entre esses três arquétipos de acordo com o movimento do metagame. Infelizmente, acredito ainda que, dado as remoções de peso que os arquétipos UB possuem e a efetividade que os midranges azuis no geral apresentam frente ao metagame, estes mantenham-se como os melhores arquétipos do formato e que em algum momento caminhemos novamente para uma polarização entre midranges azuis e variantes Boros, ou midranges azuis e aggros lineares.

– Midranges azuis e Cascades impactados:

Com o banimento de Ninja e Cascades, ou Ninja, Snuff Out e Cascades, teremos como impactados principalmente os midranges azuis e os midranges pretos e combos com Cascade.

Já analisamos os efeitos isolados de cada um desses impactos nos tópicos anteriores. Mas neste caso em específico nós teríamos o Tron indiscutivelmente como o melhor arquétipo do formato.  Sem seus algozes (midranges azuis e Cascade combos), o Tron vai acabar de fato dominando todo o metagame. Como ter um arquétipo melhor que todos os outros não é o objetivo quando se pensa em um metagame balanceado, vamos para a próxima possibilidade.

– Trons e Monarchs impactados:

Com banimento dos Flickers e dos Monarchs, teremos basicamente o Tron, os Midranges azuis e as variantes Boros impactados.

Nesse caso, acredito que haveria uma predominância novamente dos midranges azuis. A maioria dos midranges que usam os Monarchs vão convergir para a utilização de Bonder’s Ornament. Os Boros perderiam boa parte do seu potencial, mesmo na ausência de Trons. Os midranges azuis acabariam convergindo para listas que ainda mantêm o Card Advantage de forma eficiente, uma vez que o Monarch não é exatamente uma “core mechanic” desses arquétipos. Mesmo no caso do banimento, ainda, de Bonder’s Ornament, haveria a possibilidade de utilizar cartas como Frantic Inventory e continuar mantendo o Card Advantage, ou partir para vertentes com mais counters/remoções e se concentrar no controle do Early game.

Claro que, a ausência de Trons e Boros faria com que os aggros lineares voltassem a tentar a sorte. Mas ainda assim teríamos sempre BW Pestilence e outros controles nas paradas, e os midranges azuis continuariam reinando de qualquer forma. Caímos novamente no caso em que um grupo de arquétipos (e possivelmente o UB Faeries/Delver) acaba dominando o metagame, então vamos à próxima possibilidade.

– Midranges azuis e Monarchs impactados:

Banindo Ninja e Monarchs ou Ninja, Snuff Out e Monarchs, teríamos como impactados, principalmente, os midranges azuis, e os midranges convencionais (Boros) que utilizam da mecânica Monarch.

Voltamos ao caso em que o Tron se mantém como um dos mais fortes arquétipos do metagame. Sem midranges azuis e sem Monarchs, veremos alguns aggros tentando ocupar um dos pilares do formato (como o Stompy). E, claro, os Cascades também defendendo o seu posto de pilar do formato. Contudo, o Tron segue como o “deck to beat”, em que pode modelar sua lista para englobar mais remoções e com isso ter jogos melhores contra os Cascades, ou menos remoções e mais “Fog Effects”, melhorando seus jogos contra os aggros lineares.

– Cascades e Monarchs impactados:

Aqui vemos basicamente os midranges e os Cascades como impactados.  Acredito q nesse caso o metagame apenas se concentraria ainda mais no que já se concentra hoje, então, vamos pular para a última possibilidade.

– Trons, Cascades, Midranges azuis e Monarchs impactados:

Esse é o caso mais errático e também o menos provável. Mas vamos supor que, mesmo que não de uma vez só, esse caso aconteça em algum momento. Teríamos Trons, midranges azuis, variantes Boros, midranges pretos, midranges Cascades e combos Cascade impactados.

Nesse caso o metagame sofreria uma grande reviravolta. Sem midranges azuis, sem Monarchs, sem Trons e sem Cascades, qualquer coisa pode acontecer. Mas a tendência é que os jogadores busquem os arquétipos não impactados como Stompy, GW Auras, Elves, Burn, BW Pestilence e etc. Tem-se também a chance de que isso acabe revivendo arquétipos que parecem meio enterrados hoje como o UW Tireless Combo, UR Blitz e UB Teachings/Control. Certamente, o que vejo com mais clareza, é que devido a grande quantidade de arquétipos aggro no nosso formato, é possível que muitos desses acabem subindo em procura com muita rapidez. Acabaríamos por ter um formato bem mais ágil do que o que temos hoje.

É difícil prever se a qualidade do formato subiria ou cairia, mas certamente passaríamos por um momento em que a reinvenção seria crucial. Talvez, tenhamos um metagame menos polarizado e mais equilibrado, mas talvez, também, tenhamos um metagame nada previsível e muito apoiado na sorte. Ficaremos na dúvida até que esse caso ocorra (e SE ocorrer).


Conclusão

Por hoje é isso! Ficaremos aguardando ansiosos pelo próximo anúncio, e estaremos notificando nas nossas redes os resultados caso o formato Pauper seja afetado!

Dúvidas, sugestões, reclamações e até mesmo discussões sobre o exibido aqui podem ser deixadas nos comentários ou em qualquer canal das nossas redes sociais! Temos uma página no Facebook, no nosso perfil no Instagram e no nosso perfil no twitter! Temos também um LinkBio atualizado semanalmente com os principais links postados nas nossas redes e nos nossos artigos. Comente com os amigos pois a sua propaganda é sem dúvida de suma importância para continuarmos trazendo artigos cada vez melhores para vocês!

Até o próximo artigo!


Fontes

[1] Wizards of the Coast Official Website – magic.wizards.com

[2] Wizards of the Coast Official Twitter – twitter.com/wizards_magic


Álvaro França

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal Fluminense, trabalha como cientista de dados no mercado de energia e joga Magic:The Gathering desde 1998, com ênfase no formato Pauper desde 2009. Aventurou-se em vários card games e demais jogos de estratégia durante a vida e acumulou largo conhecimento na teoria e prática desse tipo de jogo.

3 comentários

RuodWolf · fevereiro 12, 2021 às 15:07

And … What IF …. Mystical Teachings are banned? Um dos unicos tutores no pauper, mas que so tem sua efetividade graças ao big mana do tron, uma ferramenta poderosa na recursividade e na capacidade toolbox no tron, fazer a magica que precisa, no momento que precisa em insta speed. E se o Tron perder so essa peça? Ficaria inviabilizado? Ficaria Mais justo? … Esse é a minha contribuição para o “WHAT IF”. Artigo sensacional, escrita impecavel, parabens ao Autor.

    Álvaro França · fevereiro 12, 2021 às 15:16

    Muito obrigado!

    Imagino que o banimento de Mystical Teachings não cause grande estragos ao Tron, mas acabe por limitar as criações futuras com a carta que sem dúvidas é muito eficaz. Espero que essa não seja a escolha!

    Até mais!

Metanalysis S02E02 - Fevereiro de 2021 - Mind Gears · março 7, 2021 às 23:18

[…] Isso gerou algumas especulações entre os jogadores do formato Pauper, de que era possível que o formato também fosse afetado nessa revisão. Chegamos a escrever um artigo levantando possibilidades de banimentos no formato e os respectivos impactos. Você pode conferir esse artigo clicando aqui. […]

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