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A EDUCAÇÃO NÃO PODE SER RIFADA

O futuro dos filhos de Deus não está à venda, mesmo assim, tem gente que quer porque quer rifá-lo, em regime de urgência.   Semana passada, fomos todos pegos de surpresa pelo anúncio do governo do Estado que pretende, na voada, iniciar o processo de terceirização da gestão de duzentos Colégios e, ao anunciar esse controverso projeto, afirmava que o fazia com seu burocrático coração cheio, até a tampa, de boas intenções, dando-nos a entender que o futuro dos filhos de Deus lhes pertence.   Não, não lhes pertence e, quanto às suas boníssimas intenções, é importante lembrarmos que aquele lugarzinho, que exala enxofre, está repleto delas.   Dito isso, sigamos com o andor. Quando o assunto em pauta é a tal da educação, inúmeros equívocos acabam se sobrepondo e, em razão disso, os reais problemas que afetam a formação das crianças e dos jovens acabam sendo desdenhados, devido a quantidade de questões secundárias que são colocadas em destaque, nas nossas vistas, em regime de urgência, em form

REFLEXÕES EM TORNO DO QUIXOTISMO ESQUECIDO

Negociar é a arte de saber ocupar e ceder espaços; é a arte de saber quando avançar intrepidamente e quando recuar estrategicamente.   #   #   #   A pressa é inimiga da nossa compreensão, e a maior aliada dos nossos piores inimigos.   #   #   #   Todo intelectual, seja de direita, de esquerda ou isentão, tem um “Q” de ressentimento em seu coração. E quanto mais o sujeito nega esse fato, maior é esse “Q” de amargura recolhida.   #   #   #   Terceirizar um problema é lavar as mãos com a água suja da própria displicência.   #   #   #   Alguém que entrega nas mãos de terceiros a responsabilidade pela sua família pode ser considerado uma boa pessoa? Logo, pode se dizer o mesmo de políticos e burocratas que lavam as mãos e entregam a terceiros o futuro das tenras gerações.   #   #   #   Os problemas do sistema educacional brasileiro não estão entre a estatização e a privatização. As encrencas que atravancam o sistema de ensino do nosso país estão muito além disso. Mas, infelizmente, burocrat

QUANDO A EXCEÇÃO É A NOVA REGRA

Muitas são as conquistas e perdas que obtemos no correr de nossa jornada. De todas as perdas, com certeza a mais temível é a perda da coragem. Como nos lembra Miguel de Cervantes, ao perdê-la, perdemos tudo.   Desde priscas eras, o medo foi utilizado como uma arma política; arma essa que insufla na alma de suas vítimas uma percepção distorcida da realidade, levando os indivíduos a abrirem mão de suas liberdades por qualquer coisa que lhes traga alguma sensação de segurança. Não é à toa, como nos lembra o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que o número de pessoas angustiadas, nos últimos anos, cresceu tanto.   Já o filósofo italiano Giorgio Agamben, em suas cáusticas críticas à política contemporânea, nos chama a atenção para o fato de que, atualmente, o “Estado de Exceção” tornou-se a regra. Desde ameaças terroristas até crises sanitárias são usadas como subterfúgio para implementar, de forma nada sutil, novos mecanismos de controle da população civil.   Claro que tais medidas, necessar

REFLEXÕES À SOMBRA DOS PINHEIRAIS

A humildade é o primeiro passo que deve ser dado por nós na longa jornada que nos leva a deixarmos de agir feito um bichinho adestrável.   #   #   #   Ou fala-se de virtude, ou vive-se de forma virtuosa. Dificilmente as duas atitudes andam de mãos dadas.   #   #   #   Quando levamos uma rasteira da nossa soberba, estamos sendo tocados pela Graça divina. Se não percebemos isso, quando estamos com a cara esborrachada no chão, é sinal de que o tombo não foi grande o suficiente para nos enquadrar e começarmos a ser gente.   #   #   #   Um bom aluno, necessariamente, deve esforçar-se para ser humilde. O bom professor também.   #   #   #   A verdade revela-se através das amareladas páginas da história; mas a tal da verdade, não está na história. Ela está, necessariamente, para além dela.   #   #   #   Um diploma, muitas vezes, não prova nada; mas, muitas e muitas vezes, permite praticamente quase tudo.   #   #   #   O Estado é ineficaz em promover o bem necessário, porque, em sua essência, e

DESONRANDO OS BIGODES PERANTE A ETERNIDADE

Chico Anísio, em um dos contos do seu livro “A curva do Colombo”, nos chama a atenção para um sujeito, prestes a comemorar seu aniversário de 56 anos, sujeito esse que malandramente deixava a vida passar, curtindo-a adoidado, ao mesmo tempo em que, sem dó, enrolava os seus pais. Enrolava e dizia: “mama, a vida é para se viver”. A vida é para ser aproveitada ao máximo, em cada um dos seus momentos, em cada segundo do tempo que temos.   Pois é. Pensando assim, dá-se a impressão de que tudo é uma questão de tempo. Na verdade, na grande maioria das vezes o pomo da discórdia não seria o tempo, mas sim, a falta dele. Ao menos, essa é a história que é frequentemente contada por nós para justificar a não realização dos inúmeros planos e sonhos que [supostamente] temos, ou da não realização das mais comezinhas obrigações diárias.   Seja como for, a “falta de tempo” está na boca do povo, nos lábios de todos. Mas e se nós passássemos a ter tempo, tempo à rodo, pra dar e vender, conseguiríamos rea

REFLEXÕES SOBRE A IMPERTINÊNCIA DO ESTADOSSAURO

Órgão de verificação de notícias, para garantir que apenas a “verdade” será comunicada, não é e nunca será um instrumento de manutenção das instituições democráticas. Um órgão com esse feitio sempre foi, e sempre será, um mecanismo tirânico de censura.   #   #   #   Se o indivíduo clama para que o Estado controle os meios de comunicação social para que ele não seja “vítima” de uma notícia enganosa, além de ser um otário mais que perfeito, é um sicofanta da pior espécie.   #   #   #   As tragédias espelham a alma, revelam a face que se oculta por trás das infinitas máscaras sociais, que usamos todo santo dia, como se fosse nossa segunda pele.   #   #   #   O amor ao próximo é a pedra angular de uma sociedade. É ele, o amor ao semelhante, que leva as pessoas a se esforçarem para se tornarem melhores, mais dignas e prestativas. Agora, ver na hipotética “boa-vontade” das potestades estatais, algo similar ao amor, é a forma mais cínica que há de promover a perversão de tudo o que existe de

AS OFICIOSAS MENTIRAS E SUAS ARTIMANHAS

Frequentemente ouvimos algumas vozes dizerem, com aquele ar de sobriedade postiça, que no mundo atual, seria de fundamental importância termos apenas “fontes confiáveis” para nos informar. Tal afirmação, à primeira vista, até parece bonitinha, porém, quando olhamos mais de perto, vemos com clareza o que de fato ela é. De mais a mais, quais seriam as tais “fontes confiáveis”? Sejamos sinceros: todos nós, cada um ao seu modo, acaba se informando a esmo, conforme as notícias vão sendo atiradas em suas ventas pelos mais variados canais, considerando como confiável qualquer coisa que seja regurgitada pelo Jornal Nacional, ou por qualquer outra tranqueira similar, pela qual se nutre uma vaga afeição, nem um pouco criteriosa.   E por mil raios e trovões, quem será a excelsa autoridade, acima do bem e do mal, que dirá para todos que essa ou aquela seria uma “fonte confiável”? Quais critérios seriam utilizados para avaliar a credibilidade de algo? Aí, meu amigo, quando chegamos nesse ponto, é a